sábado, 11 de setembro de 2010

Viv Grig - missionário que treina obreiros para atuar em favelas

Na revista Cristianismo Hoje de Agosto/Setembro de 2009 saiu uma entrevista com o neozelandês Viv Grigg. Ele escreveu, entre outros livros, um chamado "Servo Entre os Pobres". Esse livro teve um grande impacto na minha vida, quando o li há mais de quatro anos. Foi por meio dele que comecei a entender os diferentes níveis de pobreza e nossa forma de trabalhar com cada um deles. Foi através desse livro que descobri que meu chamado é primeiramente aos pobres e muita coisa foi clareando em minha mente através das explicações do Sr. Grigg.

Fiquei feliz em saber que ele visitou o Brasil e está planejando um treinamento de obreiros em missões urbanas aqui (veja o último parágrafo).

Abaixo copiei algumas partes interessantes da entrevista publicada.

(...) quando um indivíduo começa a abandonar determinados pecados - alcoolismo, dependência de drogas, violência doméstica (...) a situação econômica da família começa a se transformar, e essas são graças imediatas da conversão. (...) O Senhor quer que tenhamos o suficiente para viver. Essa parte da doutrina da prosperidade é correta, bíblica e muito boa para os pobres. No entanto, isso não inclui mansões, carros de luxo e um estilo de vida esbanjador.

Os ensinamentos mudam na medida em que as pessoas ascendem em seus padrões de vida. O problema da teologia da prosperidade é que ela não faz essa distinção; ela ensina que todos
devem ter um padrão de vida nababesco, mas isso é anátema para Deus. Existe um padrão de vida que é justo - e que não é igual para todos. Mas é fácil perceber qual é o estilo de vida justo: é possível a um rico viver de forma simples e usar sua riqueza para ajudar os outros. (...) Outro problema da teologia da prosperidade é que ela afirma que, se as pessoas derem, Deus vai abençoar. Não existe nada na Bíblia que diga que, se você der dinheiro, então Deus vai lhe abençoar. Existe uma manipulação para o ganho pessoal, que é o pecado de Ananias e Safira. E eles morreram, porque Deus amaldiçoou esse pecado.

Pobreza é sempre uma maldição, e o Senhor quer que nós tiremos as pessoas da pobreza. Mas a riqueza, por outro lado, afasta as pessoas de Deus e remove delas a percepção espiritual. Então, existe um grande perigo na riqueza, e o melhor é que nos afastemos dela. Deus quer nos abençoar com bençãos materiais. Isso não é um problema. A pobreza é uma maldição, mas os pobres são abençoados. A riqueza é uma benção, mas os ricos são amaldiçoados.

"Ganhe muito, consuma pouco, guarde nada, dê generosamente e celebre a vida."

A marca de um apóstolo é o sofrimento, é estar entre os pobres. Os dízimos não devem ser dados para financiar sacerdotes ou igrejas. Na Bíblia, os dízimos eram dados em primeiro lugar para cuidar dos pobres. O que era dado aos levitas era o dízimo dos dízimos, ou seja, um centésimo do valor total.

Qual é o objetivo do avivamento? O crescimento de igrejas? Não, o objetivo do avivamento é ver o Reino de deus em cada núcleo da sociedade.

Jesus disse que os pobres sempre estariam entre nós. Portanto, não creio que seja possível erradicar a pobreza. Mas acredito ser totalmente viável reduzi-la, baixá-la a níveis mínimos.
Existem diferentes níveis de pobreza e cada um deles exige um tipo diferente de ação. Recitar a frase "não se deve dar o peixe, mas sim ensinar a pescar" não ajuda em nada, porque afirma que a única forma de se combater a pobreza é dar às pessoas meios de trabalhar. Mas essa é resposta errada para a viúva, para o órfão. Para esses, você simplesmente tem que dar o peixe. Se o governo está oferecendo assistência social a essas pessoas, especificamente, é uma boa ação. Já outro nível de pobreza exige como resposta a possibilidade de devolver ao povo o direito sobre a terra. Para aqueles que podem trabalhar, abrir o mercado de trabalho é o caminho correto. O que não podemos é pôr todos os pobres no mesmo saco, achando que a solução para os diferentes tipos de pobreza é uma só.

Estou no seu país para tentar conseguir cinco mil brasileiros dispostos a encarar um desafio. Tenho entrevistado pastores que trabalham em favelas de vinte e três cidades por todo o mundo, a que pergunto em que áreas eles necessitam de treinamento. A partir dessa percepção, criamos um programa para líderes de projetos entre os pobres. Estou em contato com seis seminários diferentes no Brasil para viabilizar a aplicação desse porgrama aqui. Precisamos levar estudo teológico para as favelas. Atualmente, cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo vivem em favelas. Os ministros do Evangelho que atuam nessas áreas precisam de mais formação teológica. Sem uma reflexão sobre as questões profundas com as quais eles se deparam lá, as igrejas continuarão a atuar de uma forma muito tradicional, isoladas da comunidade, incapazes de transformar o tecido social no qual estão inseridas. Só que não se pode fazer isso sem que os líderes estejam treinados. É preciso evangelizar, claro, mas sempre provocando trasformação social.




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