sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Aventura em Chinde

A aventura começara no dia 09 de Novembro, enquanto nossa equipe de 8 pessoas saía de Inhaminga às 5h da manhã, rumo a Marromeu, à margem do Rio Zambezi. Nosso destino final: Chinde, uma vilazinha isolada, situada numa ilha pelo Rio Zambezi (bifurcado) e pelo Oceano Índico.

Mas agora já estávamos na última noite da nossa viagem. O lindo céu estrelado dizia-nos que estávamos bem longe de qualquer iluminação artificial, no meio do mato africano, bem no fim do mundo como costumamos dizer! Eram cerca de 10h da noite e eu seguia os passos rápidos de Eduardo, um jovem moçambicano que nos acompanhara por 4 dias. Eu carregava minha mochila com material para acampar nas costas e ele um gerador bem pesado na cabeça. Nada disso desanimava o espírito aventureiro que no frescor da noite se tornava ainda mais intenso do que durante o calor do dia. Ele gritava:
“Esse não é conGElADOR, esse é o juRADOR, ele jura que vou chegar ao trator sem cair, nesse caminho escuro e cheio de covas!”
Estávamos no meio de uma fila com mais de 50 pessoas, entre membros da igreja de Chinde Sede, nossa equipe e membros da igreja da zona de Nhamatica (80 km de Chinde), todos carregando algo grande ou pequeno, pesado ou leve, nos trinta minutos a pé que separavam a igreja onde acabáramos de mostrar o filme de Jesus e o trator que nos levara até onde a estrada permitia passagem.
A cena parecia irreal, tirada de um filme fictício. Os passos eram cada vez mais rápidos já que a carga parecia pesar mais a cada minuto. Enfim chegamos ao trator, carregamos as coisas, subimos no atrelado e silêncio... nada do trator pegar. Claro que a bateria tinha que ter problema! Nada pode ser tão simples! Descemos todos, e começamos a empurrar. Era muito pesado e na escuridão gritávamos tentando coordenar todos para empurrarmos juntos. Para frente ou para trás? O trator estava numa posição terrível, entre machamba (plantação = terra fofa = atolar) e a estrada com mais machamba do outro lado. Descobri que o volante de trator não vira com ele desligado, portanto, nada de pegar no tranco virando para entrar na estrada.

Ok, para frente! Vamos!
Pum, atolados!
Então tem que ser para trás!
Motorista, desliga os faróis, se não piora a bateria!
Pum, atolados atrás também!
E agora?
Já falamos para tirar o atrelado e parar de empurrar esse peso todo!
Não, agora vamos só nós homens. Mulheres, sentem que vamos fazer o serviço direito!
Ok, não tem problema, vamos assistir as estrelas cadentes e fazer desejos para que esse trator pegue!
Pum, atolados na frente de novo!
Não falamos, agora puxem para trás sozinhos!
Pronto, agora obedeçam-nos e tirem o atrelado!
Ok.
Antes de empurrarmos, vamos orar! – os jovens disseram.
Senhor, veja nosso sofrimento, tenha misericórdia de nós. Estamos cansados, faça esse trator pegar! – orou Eduardo desesperado quase chorando.
Agora vamos empurrar!
Brum, brum!
ALELUIAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!
Deus foi bom demais conosco!
Era meia noite, e lá fomos nós! Meu coração batia forte enquanto passávamos pela trilha estreita com o atrelado cheio de homens, mulheres e bebês. Eu vira a estrada na vinda e meu coração já saltara de medo, vendo os sulcos fundos de machambas tão próximos à roda do trator. Só conseguia imaginar uma escorregadela e o atrelado virando com tantos bebês e pessoas. Mas isso era minha carne medrosa. Agora no escuro, eu sentara no meio, para não ver nada. Olhei para cima e não pude deixar de me censurar pela falta de fé num Deus tão poderoso para manter tantas estrelas em seus devidos lugares e comecei a cantar. Simona, que também estava preocupada do meu lado, me acompanhava e logo fechamos os olhos e eu tirei um cochilo. Quando acordei já estávamos perto do rio, onde passaríamos a noite, esperando o barco na madrugada seguinte.
É, Deus continua fiel e meus anjos musculosos!
Eram 2h da madrugada e estendemos nossos sacos de dormir no atrelado. O restante da igreja se abrigou numa casa próxima e todos tentaram dormir enquanto milhares de mosquitos esfomeados nos rondavam mesmo depois de muito repelente. Enquanto deitava, pensava em como valera a pena tanto sacrifício da última semana.
Quando saímos de Inhaminga, na chuva, vimos Deus nos guardar com sua mão poderosa no caminho para Marromeu. O carro perdeu o controle numa parte cheia de lama e só não virou ou bateu numa árvore pelo esforço dos anjos nos guardando. Incrível que cinco minutos antes disso, todos tínhamos sentido um incômodo no coração e começáramos a orar em línguas e interceder. O Espírito Santo é fiel em nos avisar do que vem adiante e também é fiel em nos proteger de todo perigo.
Ao chegarmos a Marromeu, preocupados se o equipamento para o filme de Jesus poderia ser protegido da chuva no barco, encontramos a pequena balsa que nos levaria para Marromeu coberta e com um porão seco e seguro.

As 9h de viagem rio abaixo fora tão tranqüila, mais parecia um passeio de férias.


Quando chegamos a Chinde, já havia escurecido e ninguém estava na praia para nos esperar. Logo crianças nos disseram que a igreja estivera ali nos esperando, mas tinham ido embora. Foram chamá-los. Quando terminamos de tirar as coisas do barco, o pastor chegou e nos guiou até sua casa.
Nos dias que se seguiram conhecemos melhor a família querida do pastor, e vários membros da igreja que vinham passar o dia conosco, buscar água, fazer comida e nos servir de qualquer maneira que pudessem.
Era a primeira vez que a igreja recebia uma visita e eles estavam tão felizes. Andavam pela vila cantando!

Tivemos um dia de ensino com as mulheres da igreja e os homens cozinharam, algo muito diferente para a cultura moçambicana.
No domingo choveu quase o dia todo. Ainda assim, pela manhã, depois de orar e a chuva parar por 30 minutos, duas equipes saíram para pregar em igrejas diferentes. A chuva parou tempo suficiente para irem e voltarem sem se molhar muito. A noite queríamos mostrar o filme em Nhamatica, mas Deus, sabendo o que nos esperava naquela zona, deixou chover a tarde e noite toda. Tivemos um tempo de louvor espontâneo na casa do pastor e foi muito precioso.
De segunda a quarta tivemos a conferência de jovens. Cerca de 120 jovens compareceram, de 10 a 60 anos de idade. Todos muito sedentos e atentos à palavra. Foi precioso ensinar a eles que ser cristão é mais do que ir à igreja e cantar por horas a fio a mesma canção. Do pastor ao mais novo, ninguém sabia o que era buscar a Deus, sentir a presença de Deus, ou adorar de coração. Tivemos um tempo precioso de adoração juntos no último dia.
Na quarta-feira, logo depois de sair da conferência às 14h e de rodar toda vila tentando organizar o trator do Ministério de Agricultura que nos levaria para Nhamatica, saímos. Eles haviam nos dito que o trator “estava em condições”, mas a bomba do motor não funcionava, então o combustível ia direto de um bidão para o motor; a roda dianteira tinha um caroço do tamanho de uma bola de futebol oficial, esperando para se arrebentar; e a bateria estava morta, como mais tarde tivemos a infelicidade de descobrir.
Mas as 4h do caminho de ida foi tranqüilo com muita música e sacolejos.
As pessoas nos esperavam em Nhamatica com grande expectativa. Mostramos o filme ali pela primeira vez e queriam que ficássemos a noite toda com eles. Não podíamos e graças a Deus não cedemos aos apelos deles. Se tivéssemos saído na manhã seguinte, nunca chegaríamos a tempo de pegar o barco que nos levaria de volta a Marromeu.
Apesar da nossa indecisão muitas vezes, Deus nos guardou em todo tempo, e ali, às 3h da madrugada, deitada no atrelado do trator, com a legião de mosquitos testemunhas, eu descansava segura de que cumpríramos nossa missão ali.
Às 5h todos já estávamos de pé, às 6h o barco chegou, às 16h chegamos à Marromeu (depois de uma linda viagem vendo crocodilos, pássaros exóticos e dormindo sentados ou deitados no fundo do pequeno barquinho a motor que nos levava rio acima). Exaustos e imundos, fizemos pequenas compras no mercado de Marromeu antes de seguirmos viagem a Inhaminga. As três horas passaram rápido para os 7 passageiros que dormiram como pedra amontoados no carro, mas lentamente para a pobre motorista que tentava ficar acordada na mesma estrada em que quase tivemos o acidente na ida.
Inhaminga, doce Inhaminga, nos recebeu de braços abertos, com camas macias (não mais cadeiras duras para meus ossinhos doloridos) e chuveiros gostosos (não mais a crosta de protetor solar/poeira/repelente/poeira/protetor/poeira).
Enfim, valeu a pena!

Atravessando a bahia de Nacala...

Para mim um dos grandes testes de fé em Outubro, foi a volta de Rassim com toda equipe, de barco.

O vento estava contrário ao barco e levamos 1h30 no trajeto que normalmente levamos de 15 a 20 minutos. O vento batendo na vela, inclinava muito o barco, as ondas faziam-nos saltar, e tivemos que fazer um grande zigue-zague para velejarmos no sentido contrário à correnteza. Eu não sabia o quanto eu tinha medo das forças naturais, até passar por situações assim.

O pior era saber que a pequena Keren estava no barco conosco! Que responsabilidade!

No final, quando chegamos a salvo à margem, eu pensei: “Só Jesus mesmo para me levar a emoções como essa! Ainda mais, só Jesus para me fazer voltar a entrar em um barco!”

E lá fomos nós para Chinde de barco de novo!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007



Demócrito


Demócrito é um jovem que é cego desde os 3 meses de idade. Converteu-se ainda bem jovem e logo que conseguiu economizar um pouco de dinheiro comprou uma Bíblia. Cada dia pedia algumas moedas para sua mãe e sempre que conseguia, pagava alguém para ler partes da Bíblia para ele. Ele não só queria saber o que estava escrito, mas também onde estava localizado: livro, capítulo e versículo.


Hoje, aos 18 anos, é uma Bíblia ambulante. Quase em cada frase que fala há algo da Palavra inserido. Ele participou da Conferência conosco e no final de cada pregação vinha pedir-nos as anotações daquela palavra.
Ele nos disse: "Eu não posso anotar, mas se você anotar para mim, depois posso pedir para alguém ler os versículos de novo para mim, para que eu possa meditar e passar para outras pessoas o que ouvi nesses dias."


Ao ouvi-lo contar seu testemunho, meu coração alegrou-se ao ver algo tão genuíno de Deus na sua vida. Ao mesmo tempo pensei... esse não aceitou qualquer desculpa, mas venceu os obstáculos! Isso é que é um vencedor!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Outros Acontecimentos

Muita coisa aconteceu nesse mês de Setembro!!
Em breve a Suka News sairá, mas aqui vão algumas fotos!

Conferência de Embaixadores no início do mês... que grande alegria reunir toda família!

Fomos para Cuamba, na Província de Niassa, visitar os Embaixadores ali.
Encontramos a mãe de um dos alunos que está na Escola Vocacional!

Formatura da primeira turma da Escola Vocacional!

Tb tem que descansar, né!? e ser atacadas por peixes na praia!

Continuamos indo para Rassim toda semana!

CONFERÊNCIA DE JOVENS EM RIBAUE

Visão realizada traz alegria ao coração.
Desde o início do ano temos planejado uma Conferência de Jovens em Ribaue, vila onde o Embaixador Jorge tem trabalhado há dois anos.

Prédio cedido por uma Igreja para a Conferência

Enfim, nesse mês de Outubro a visão se concretizou.
Realmente tivemos a certeza de que não foi nosso plano somente, mas um desejo do coração do Pai se realizando.

O tema era "Nascidos para Esse Tempo" e nosso objetivo de levar os jovens a entenderem que foram criados com um propósito.
Os três pontos mais repetidos na conferência foram:
1. Deus tem um plano para sua vida
2. O Diabo também tem um plano para sua vida
3. Escolhei hoje a quem seguireis!

Apesar de ser um tema tão simples, para a maioria foi um grande revelação.
Podíamos sentir a presença de Deus em cada reunião e o ambiente foi sendo preparado, até que no último dia tivemos um tempo tão especial de ministração. Depois da palavra do Jorge, alguns jovens vieram a frente para oração. Era sobre outro assunto, mas no meio da ministração alguns jovens foram batizados com o Espírito Santo.
Quem somos nós para dizer "espera" quando o Espírito Santo quer agir?

Abaixo estão algumas fotos...

Inscrição... eu e Dora!

Se não houver corais apresentando, não é África!!

AIDS

Quantas vezes já ouvimos os números alarmantes da porcentagem de pessoas contaminadas com o vírus HIV/AIDS na África? Das 36 milhões de pessoas contaminadas com o vírus no mundo, 25 milhões se encontram na África subsaara. Em Moçambique, calcula-se que 16% da população adulta está contaminada.

Mas, na realidade, o que representam esses números para você? E para mim? Muito difícil dizer, até o momento de enfrentar uma situação em que cada uma dessas estatísticas passam a fazer um sentido pessoal e individual, PARA MIM!

No meu caso, isso aconteceu nessa semana que se passou.

Fátima, uma das líderes da igreja em Nacoto, estava muito doente há mais de um mês. Várias vezes tínhamos ido visitá-la. Desconfiávamos de uma severa infestação de vermes, ou talvez algum fungo na pele. Orávamos por ela e cada vez que voltávamos encontrávamos seu espírito alerta, seu emocional bem, mas seu corpo cada vez mais fraco e doente.

Por fim, um dia mãe Nicky foi visitá-la e todo seu corpo tinha feridas abertas! Nada que se comparasse com o que tínhamos visto na visita da semana anterior. Em choque, Nicky decidiu levá-la ao hospital. Dois dias internada no hospital usando uma pomada e tomando outros comprimidos receitados pelo médico, ela já estava bem melhor. Mas para entender bem o que os exames estavam indicando e como ela estava sendo tratada, no domingo fomos conversar com a médica.

Sem cerimônia nenhuma a médica nos explicou que ela tinha um caso forte de psoríase, mas que a doença de base dela era o HIV. Eles haviam testado e ela era HIV positivo. E continuou falando sobre o que iam fazer, exames para contar as células de defesa para ver se ela podia começar a ser tratada com medicamentos anti-virais que o governo provê gratuitamente e assim por diante.

Mas Nicky, Dora e eu paramos no início da conversa e ali nossa mente ficou por algumas horas!

Como pode? Sim, é verdade, sabemos que grande parte das pessoas com quem lidamos são aidéticas, mas como não ficar chocada quando a pessoa em questão é uma das nossas amigas.

É depois desses momentos que...

... entendemos melhor quando a maior preocupação de uma pessoa aqui é dizer que “está bem de saúde”.

... sabemos porque há tanto temor quando alguém fica doente. Nunca se sabe se é simplesmente uma gripe passageira, ou algo que tirará a vida da pessoa em poucos dias.

Mas na verdade, como entender o que realmente passa dentro da mente e do coração de um povo assim? Se consideramos as estatísticas (que são subestimadas, pois muitos têm o vírus mas não sabem), na nossa escola, de cada turma de 40 alunos, pelo menos 6 têm o vírus do HIV!!!

A única coisa que me vem a mente é... Senhor, eles precisam de ti! Os que já estão contaminados precisam de ti! Os que ainda não estão tb! Todos! Eles só precisam de ti!

E o que me resta senão crer que não importa que tipo de vírus Fátima tem... a vontade de Deus é que seus filhos tenham uma vida saudável, para o servirem todos os dias da sua vida! É só nisso que posso crer!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

útlimos acontecimentos...


Última semana de Agosto, viagem para Nampula... para participar do Encontro Profético!
Oh, família Bastos, esquecemos de tirar foto com vcs! Que feio! Fez falta agora que já bateu a saudade!!!
Só temos foto das viagens... ida e volta de chapa cem! ou talvez seja chapa sem... sem segurança, sem conforto, sem lugar prá mexer, sem ar condicionado, sem ... kkkk
Mas não foi tão ruim. Fora que em lugar de 15 pessoas como dizia a placa tinha 19, mas tudo bem!
Na volta o mini bus que devia caber umas 18 pessoas confortáveis ou 23 desconfortáveis, tinha 28! kkkk aliás, 27, pq no fim acabei pagando para uma pessoa a mais, só para ter lugar para nossas mochilas! Enfim, fomos e voltamos em paz e segurança (segurança privada, dos anjos)!


Quando voltamos de Nampula, níver da Dora!
Como não podia faltar, no rito de iniciação aos nívers na África, ela foi sequestrada por um bando de nkunha (estrangeiros) malucos: Quiel, Jana e Suka.

Levamos ela vendada e algemada para a casa da Debs, onde teve festinha e presentes! Fala verdade, Dó, valeu a pena todo o sofrimento! :) kkkkk
E agora, no Brasil vc já pode se casar sem seus pais saberem... e nos EUA vc pode beber! Quantas mudanças na sua vida, né?!



Acompanha fotos...... mas elas estão emperrando, fica para outro dia!!

Porque somos Walkers!?

Abraão, José, Moisés, Maria, Paulo... "cada um desses indivíduos estava longe de casa quando se deparou com essa experiência que transformaria sua vida. Quase toda experiência capaz de transformar a vida que lemos na Bíblia aconteceu fora da zona de conforto da pessoa em questão." ... Neemias, Daniel, Jacó, Rute, Pedro, João...

"Em meu estudo acerca do nascimento de grandes organizações, descobri o mesmo fenômeno"... John Edmund Haggai (Instituto Haggai), Murray Kendon (Missão Asas de Socorro), George Verwer (Operação Mobilização - navio Logos)...

"difícilmente temos grandes idéias originais enquanto sentados no escritório. (...) Agora pense novamente acerca de um ou dois eventos marcantes de sua vida. Muito provavelmente eles aconteceram quando você se encontrava fora da sua zona de conforto. (...) Em solo familiar, achamos que tudo sabemos (...) Mas quando aterrizamos em solo desconhecido, percebemos que nossa velha rotina não funciona mais (...) Consequentemente, acabamos nos tornando mais abertos a novas percepções e novas tarefas."

Para Além dos Limites, por David W. F. Wong

É razão suficiente para sermos Walkers, não só de nome, mas na prática!
Eu sei que é verdade para mim. É quando estou fora, no meio do povo totalmente diferente da minha cultura, me sentindo desconfortável e fora de lugar que tenho as melhores idéias e que consigo realmente planejar o futuro e sentir para onde Deus quer me levar!

Então pronto, sejamos Walkers!

domingo, 9 de setembro de 2007

... para que o meu gozo permaneça em vós...

"Estas coisas vos tenho dito, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo."
João 15.11


"Mas agora vou para ti; e isto falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos."
João 17.13


"fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus."
Hebreus 12.2


Hoje tomamos a Ceia com alunos e embaixadores. Pai Jeff trouxe uma Palavra muito preciosa de acordo com os versículos acima!





O desejo de Jesus era que seus discípulos recebessem Seu gozo completo. Não parte, não um pouco, mas toda alegria que estava nele, que nós a recebêssemos!

Agora pense, Jesus falou essas palavras e fez essa oração (descritas em João) na noite antes de ser entregue e crucificado!

Em Hebreus diz que, na verdade, foi esse gozo que deu-lhe forças para suportar a cruz. Esse é o tipo de gozo que Ele nos oferece, algo que independe das nossas circunstâncias, que não muda pelo tamanho das perseguições que enfrentamos, é algo que vai muito além, algo muito mais profundo e enraizado em nossos corações, porque depende apenas da promessa imutável que Ele nos fez. Por saber o que lhe esperava no céu, para a eternidade, Jesus suportou o sofrimento físico e a dor da separação do Pai, algo muito maior do que jamais teremos que enfrentar.

Por essa mesma esperança, recebemos essa mesma alegria, esse mesmo gozo, hoje em qualquer que seja nossa presente adversidade! Essa foi a oração de Jesus! Esse é o desejo dele! E minhas raízes estão nEle e nessa verdade!


* Foto de Embaixadores, Jeff e Nicky, Suka e Dora no local da Ceia, de frente para a bahia!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

AGOSTO

Chris, dando equipamentos (uniforme, botas e ferramentas) para alunos da
1a. turma da Escola Vocacional de Nacala. Vão aprender marcenaria.


Crianças de Rahcim, vila que temos visitado para ensinar os novos crentes!
Detalhes: Aximi, com olhos arregalados, um super artista
e a menininha atrás com a cara pintada,
um medicamento tradicional makua,
que supostamente ajuda a curar dores de cabeça!


Também em Rahcim, uma típica casinha de espíritos (da esquerda)
ao lado do banheiro (casa de banho).
Foi nessa casinha da esquerda que Nickie, da equipe do CFNI,
entrou pensando que era um banheiro e sujou tudo... kkkk...
para surpresa de todo povo reunido do lado de fora.
Coitado, ele não sabia! Mas foi justo, não!?


De volta de Rahcim, no barco!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Notícias de Julho

Nacala, 31 de Julho de 2007

Olá amigos,
Nem acredito que estou escrevendo novamente de casa! Passamos as últimas três semanas em todo lugar, menos em Nacala! Mas a história começa um pouco antes de sairmos...
Na última semana de Junho tivemos boas reuniões em Muzuane e Napala. Pouca gente veio na de Muzuane, mas tivemos um bom tempo de ensino especialmente para a família dos donos da casa. Em Napala foram mais pessoas. Zita esteve nos dois lugares conosco e, depois que viajamos, continuou cuidando dos grupos. No meio de Julho dois alunos que tinham ido para o treinamento de liderança de seis meses em Inhaminga voltaram e, juntos, formam uma boa equipe para afetar essas áreas que se tornaram tão queridas aos nossos corações. Claro que sempre que estivermos aqui em Nacala, estaremos de alguma forma envolvidas com eles, mas é tão maravilhoso perceber que Deus tem levantado líderes locais, pois essa é nossa visão e a vontade dEle!

Também tivemos um batismo de vários crentes da igreja de Nacoto. Foi bem de última hora, mas estava nos planos de Deus. Só vimos a real importância de termos feito o batismo agora, ao ouvirmos o testemunho das mulheres depois, falando como havia sido um passo de fé para elas, tomar essa decisão diante de toda comunidade muçulmana em que vivem. Deus honra aqueles que não o negam diante dos homens!

Assim que os alunos saíram, colocamos a escola em ordem, fechamos tudo e saímos para Inhaminga, para participar da formatura de lá.


Nacala - Inhaminga
A semana que passamos em Inhaminga foi muito gostosa! Revimos toda equipe de Inhaminga, conhecemos a mais nova integrante, Keren, filha do Aaron e da Patrícia, e uma outra família sul africana que chegou em Abril. Quando chegamos, o campus da missão estava cheio, com mais de 150 pessoas, incluindo trabalhadores, equipe, 68 alunos, 11 Novas Fronteiras (NF, estrangeiros em dois meses de treinamento missionário prático) e uma equipe visitante de 22 sul africanos.
Eram atividades por todo lado, tantas pessoas atuando em tantas áreas diferentes, mas todas com um único propósito: fazer o nome do Senhor conhecido e exaltado!
Fui convidada para trazer a mensagem na graduação, um grande privilégio e também uma grande responsabilidade. Mas não foi difícil depois de passarmos a manhã toda sentindo a presença de Deus tão forte enquanto orávamos pelos alunos e os ungíamos com óleo, comissionando-os a irem e pregarem o evangelho onde o Senhor os enviar.

Inhaminga - Gorongoza
Depois de Inhaminga passamos quatro dias em Gorongoza, em um “game park”. Ficamos acampados com os NF e alguns da equipe. Tínhamos ensino pela manhã, saídas para ver animais durante o dia (estilo safári) e reuniões em algumas das noites. Foi um tempo precioso de descanso, comunhão e presença de Deus, na simplicidade ao redor do fogo e debaixo das estrelas maravilhosas do céu africano!

NF E AWY EM GORONGOZA

Gorongoza - Pomene
Um dos projetos mais próximos ao nosso coração é o projeto Embaixadores, que sempre menciono nas cartas. Aproveitamos que estávamos a meio caminho entre Nacala e nossos embaixadores mais distantes, em Pomene, e fomos visitá-los: Rachide e Samuel.

DORA, EU E NICKY NAS PEDRAS EM POMENE

Pomene é uma pequena vila em uma das praias mais lindas, mas ainda não muito desbravadas de Moçambique. Em Dezembro e Janeiro as praias recebem muitos visitantes sul-africanos e praticamente toda população vive à custa dessas visitas. No restante do ano, é uma vila pacata e seus habitantes passam por dificuldades devido à falta de turistas e de planejamento dos recursos. Foi em meio a essa realidade que surgiu uma igreja Afrika Wa Yesu, a única da vila, onde Rachide e Samuel têm trabalhado.

FORTALEZA, que começou o trabalho em Pomene e voltou conosco para visitar,
e Samuel, na construção da igreja

Tivemos algumas reuniões e, mesmo sabendo que vários ali ainda lutam contra vícios, fomos encorajados por sua fome e interesse pela Palavra. Oramos por Pomene!

Pomene - Inhaminga - Magiga/Pebane
Como Pomene é muito distante do nosso próximo destino, decidimos parar em Inhaminga no caminho, aproveitando que poderíamos estar ali bem no dia da graduação da equipe de Novas Fronteiras. Foi especial estar com esses jovens de todo o mundo (americanos, sul africanos, el-salvadorenhos e romenas), conhecendo-os um pouquinho e vendo o potencial dentro de cada um deles. Eles voltaram para casa, pessoas totalmente transformadas, depois de muitos desafios vencidos, vitórias conquistadas, vidas tocadas e visão renovada para o que Deus tem em suas vidas.

Um dia depois estávamos na estrada de novo, indo para a localidade de Magiga, no distrito de Pebane. Pebane foi um dos últimos lugares que visitei antes de voltar para o Brasil em 2004 e foi muito especial rever a família do Jorge, embaixador que nos ajudou no primeiro semestre em Nacala.

Sobrinho de Jorge - tenho uma foto dele bebê em 2004.

TODA FAMÍLIA ASSANE

Mas nossa visita ali não foi de nostalgia, mas com o objetivo de visitar Agostinho e Pedro, embaixadores que estão começando uma igreja em Magiga, 20km da vila de Pebane. Tivemos um tempo tão especial com eles, com a família que nos hospedou e outros recém convertidos que têm se reunido com eles. Tudo nessa história tem um toque divino.

Jamilo é filho de um líder muçulmano e chefe de uma zona de Magiga. Depois de crescido veio a conhecer Jesus através de um irmão mais novo, enquanto morava em outra vila, Moma.

Jamilo (da esquerda) e seus irmãos


Quando voltou para Magiga, sua fé foi esfriando-se, já que não há igrejas ali e a pressão muçulmana animista ao seu redor era muito forte. Aos poucos começou a crer nas maldições lançadas e a guardar amuletos de proteção em casa. Sentia-se mal por estar assim, mas não tinha forças para mudar. Uma noite ao redor do fogo falou com seu irmão e outro amigo: "Se Deus não fizer algo logo, toda essa Magiga vai perecer e eu também, no meio dela." O clamor no seu coração era grande e naquela noite antes de dormir ele orou: "Senhor, envia alguém para me ajudar a sair disso!" Na manhã seguinte os embaixadores chegaram à sua casa! Ficaram hospedados ali mesmo. Com a companhia, encorajamento e apoio na fé, Jamilo jogou fora todos os amuletos, sua machamba (plantação) e casa estão protegidas pelo sangue de Jesus e ele e sua esposa riem a toa, enquanto demonstram uma hospitalidade tão preciosa. Eles não têm filhos, apesar de serem casados há quatro anos. Orem por eles!

Carita, esposa de Jamilo

Abdul era de família muçulmana e se converteu às Testemunhas de Jeová através de um amigo há muitos anos. Quando se mudou para Magiga, viu-se isolado e sem forças para continuar na sua fé. Aos poucos sua vida foi indo de mal a pior. Sua esposa adoeceu gravemente e por meses ele andou de um lado para o outro à procura da cura. Por fim, desesperado, caminhou uma distância de muitos dias para buscar um "medicamento
tradicional" de um curandeiro famoso. Enquanto voltava, sofrendo no caminho, faminto e cansado ele orava: "Senhor, não agüento mais tanto sofrimento! Me ajuda!" Quando entrou no mercado da vila, viu dois jovens com um megafone pregando a Palavra de Deus. Atraído pela mensagem, foi conversar com eles e contou-lhes sua história. Os embaixadores oraram por ele e prometeram visitá-lo em breve.
Chegando a casa, Abdul deu o medicamento à sua esposa, mas ela só piorava. Os jovens realmente vieram no dia seguinte e oraram pela mulher. Em questão de horas sua esposa estava melhor e no dia seguinte já estava de pé cozinhando, algo que não fizera há meses. Abdul e sua família reconheceram que Jesus realmente é o Salvador, aquele que cura e hoje são os mais fiéis no grupo caseiro. Ele será aluno na Escola de Discipulado no próximo ano.

Pedro e Agostinho

Enquanto essas pessoas sofriam, Deus já preparava a resposta para suas orações. Agostinho e Pedro pensavam e oravam sobre o próximo lugar para onde deviam ir. Conversando com Jorge, surgiu o nome de Magiga e por meses oraram por aquela área. É lindo ver nosso Senhor trabalhando em resposta às nossas orações por direção e às orações do povo, que mesmo em meio à escuridão clama pela luz.
Esse grupo, pequeno em número, mas grande em fé, tem orado às 4h todas as manhãs pela salvação de Magiga. As perseguições são grandes, especialmente por parte dos muitos familiares muçulmanos que satirizam e tentam destruir sua fé, mas eles permanecem amando e crendo no que Deus quer fazer ali, sobrenaturalmente, assim como Ele já começou!

Magiga - Nacala
Percurso percorrido, era tempo de voltar para casa. E depois de três semanas estávamos prontas para voltar para nossa casinha e para nossa linda Nacala! 4.500km rodados, 4 lugares em 3 províncias visitadas, acho que foi o suficiente para o mês!

Gratas a Deus pela proteção nas estradas muitas vezes em péssimas condições, repletas de sinais de acidentes sérios, carros capotados. Não consideramos levianamente o fato de tudo corrido em paz! Gratas pela saúde, que permaneceu forte em áreas cheias de malária e outras enfermidades! Gratas pela presença de Deus, pelas pessoas que pudemos tocar e pela certeza de que a cada dia temos caminhado com Ele!
Gratas a vocês por suas orações, seu contato, seu carinho e suas contribuições!

À Serviço dEle,
Com Muita Alegria,
Susana.


sexta-feira, 22 de junho de 2007

Possibilidade e Potencial

Quando somos jovens, estamos cheios de potencial.
Oportunidades e possibilidades são inúmeras;
São tantas que às vezes ficamos até confusos.

Mas o que tenho descoberto é que conforme crescemos,
Nossas escolhas nos limitam.
O que fazemos com os nossos dias, o que decidimos para nossa vida,
Encerram algumas possibilidades,
Fecham as portas para outras oportunidades.

Se são escolhas certas, nosso potencial é transformado em realidade;
Os sonhos que realmente importam vão se concretizando
E aqueles que eram uma utopia, ou uma divagação sem sentido
Vão perdendo a força e o fascínio.

Se as escolhas são erradas, o potencial escorre pelo ralo;
As portas se fecham, sem resultado
E a mente sonhadora se transforma em uma alma frustrada.

Ainda não sei o fim dessa história.
Ainda estou no início.
Estou fechando as primeiras portas.
Até agora não me arrependo de nenhuma delas.
Gosto do caminho que estou trilhando.
Sei que ainda cometerei muitos erros,
Mas oro para que sejam como aqueles que já tenho cometido até aqui,
Erros que não tragam frustração ou desgosto permanente.

Que o fim dessa história seja de um potencial que se tornou realidade!


Que o fim dessa história seja de uma vida que não olhou para trás;
Que viveu 100% o hoje,
Que fechou sem dó as portas laterais,
Que prosseguiu rumo ao alvo confiante
E não se importou com as possibilidades não aproveitadas.
Que a história termine no mesmo tom que começou,
Dirigida e guiada pelo Maestro do Universo!
Só assim essa história terá um final eternamente pleno!




Lalaua



Depois de bastante tempo só em comunidades islâmicas, enfim fomos visitar uma vila mais longe do litoral, onde a influência muçulmana é muito menor e a religião predominante é o animismo: o culto aos ancestrais através do curandeirismo.

Em Lalaua fomos visitar um pastor que tem trabalhado lado a lado com alguns embaixadores há algum tempo, pastor Lourenço. A hospitalidade foi tamanha que até nos deixavam constrangidos. Água para o banho todos os dias (em outros lugares era um banho a cada três dias e assim mesmo na água salgada) e muita ajuda em tudo o que fazíamos. Foi um tempo totalmente diferente, pois, apesar de visitarmos várias casas em evangelismo, estávamos ali para cooperar com uma igreja já bem estabelecida.


Aproveitamos nosso tempo ali para investir na vida dos cristãos, ensinando sobre os alicerces de Hebreus 6. O ensino sobre Arrependimento e Fé foram muito simples, mas penetrantes. Durante o tempo de ministração houve manifestações boas e ruins. Foi claro o contraste entre uma mulher que caiu manifestando e enfim foi liberta de um espírito mau e um dos homens que foi à frente porque queria receber o batismo no Espírito Santo e caiu pelo Espírito sem ninguém o tocar. Impressionante ver a paz de Deus sobre a vida dele e ver como uma mesma ação (cair) pode ser usada por Deus ou pelos demônios, mas como é nítida a diferença entre um e outro.

Em cada casa onde chegávamos, novamente uma pequena multidão se aglomerava para ouvir. No final muitos queriam entregar suas vidas para Jesus e em algumas casas tomavam a séria decisão de queimar as cordas que prendiam seus pescoços, pulsos, tornozelos ou cabeças (fetiches comprados nos curandeiros com o objetivo de conseguir mais força física, cura de alguma doença ou proteção contra os espíritos).

Foi também um tempo de encorajamento aos crentes da igreja local, para que eles mesmos possam sair para evangelizar e ensinar seus visinhos e amigos.

No último dia nos reunimos com a liderança da igreja para conversarmos e encorajá-los e no final eles nos mostraram uma carta que haviam escrito antes, onde colocavam alguns dos pedidos de oração que vinham fazendo. Admirados, vimos que todas as necessidades escritas foram atendidas, mesmo sem termos conhecimento da lista até esse último dia.
* Ajuda no Evangelismo
* Mostrar o filme de Jesus em Lalaua Velha e Lalaua Sede
* Seminário de ensino aos crentes
* Cobertura da Igreja que vão construir – esse último pedido foi apresentado como pedido de oração e rapidamente atendido por Deus através do Nickie, líder da equipe visitante do CFNI, que também é responsável por um projeto do CFNI que coloca telhados em igrejas construídas pelos nacionais em todo o mundo.

O pastor Lourenço não conseguia se conter de alegria. Levantou, bateu palmas, deu uma dançadinha e sentou de novo, mal se contendo. Antes de sairmos foi combinado o tamanho da igreja e aproximadamente quantos tijolos terão que fazer (trabalho do povo local) e como o telhado será colocado (com o dinheiro oferecido pelo Nickie e material comprado e transportado pela Afrika Wa Yesu).

Muitos acontecimentos engraçados também aconteceram nessa viagem. A casa do pastor é cheia de animais. Patos, galinhas, um cão muito feio, um gato... um verdadeiro zoológico. Uma galinha chocava seus 12 ovos na escuridão e conforto do banheiro (latrina externa) e conforme os dias foram passando foi se irritando conosco. Imagine a pressão: toda vez que precisávamos usar a latrina a galinha fazia barulhos, abrindo as asas e ameaçando picar nosso traseiro. Desnecessário dizer que não usamos o banheiro mais do que o extremamente necessário naqueles três dias. Para piorar, o marido, um galo bem emproado, decidia que era hora de cacarejar todos os dias exatamente às 2h18 e dali em diante a cada 5 minutos. Para mim, nenhum incômodo, pois com meu sono pesado só o ouvia depois das 5h, mas para vários outros, isso significou três noites sem dormir.

Por fim, a equipe, feliz e cansada partiu para Nampula.
Passamos uma noite na SIL, uma missão que oferece acomodações para missionários em trânsito, onde puderam tirar o excesso de terra vermelha do corpo e das roupas antes de partir de volta para os EUA. Mariano, professor moçambicano em Inhaminga e coordenador nacional dos Embaixadores, partiu com a equipe, pois vai estudar um ano no CFNI. Vamos sentir tanta saudade desse nosso amigo, mas sabemos que ele vai aprender muitas coisas e crescer muito e, por fim, voltar ainda melhor equipado para servir a Deus em Moçambique.

RAHCIM

Rahcim é uma comunidade pesqueira do outro lado da bahia que se estende à frente da nossa escola.

De casa conseguimos avistá-los ao longe e esse mês tivemos a oportunidade de visitá-los com a equipe americana do CFNI. A viagem leva cerca de 30 minutos num barco a vela, muito semelhante àqueles usados por Jesus, eu imagino.

Ali vivem cerca de 70 famílias numa pequena península isolada do restante da população por água ou pela grande distância por terra da vila vizinha. Há várias mesquitas, mas nenhuma igreja. Há muitos corações desejosos de seguir a Jesus, sobre quem ouviram falar pela primeira vez através dos embaixadores durante a semana que passaram lá há alguns meses. Muitos vivem cheios de vícios, outros atemorizados por espíritos maus que os líderes da mesquita tentam em vão apaziguar com rituais tradicionais. A estrutura familiar parece ser forte e as crianças são obedientes e até bem cuidadas, longe da influência da cidade e dos efeitos da civilização. Roubos ou crimes do tipo são raridades ali, já que todos são conhecidos e o sistema de governo é bem estabelecido com líderes gerais e líderes de área.

A partir da primeira casa que visitamos podíamos notar a sede na população. Todos os vizinhos se reuniam onde estávamos e quando terminávamos de falar da Palavra olhávamos ao redor e mais de 30 pessoas estavam ouvindo atentamente cada palavra, que passava do inglês, pelo português, até o makua (dialeto local).

Quando no final perguntávamos quem acreditava no que tínhamos falado e queria receber essa nova vida em Cristo, TODOS diziam que sim, crianças e adultos. Isso é muito raro em meio a comunidades muçulmanas e procurávamos ver se realmente tinham entendido o que havíamos falado, mas todos estavam muito desejosos de receber aquilo que lhes apresentávamos. Não conseguíamos visitar muitas casas por dia, pois levávamos de 1h30 há 2h em cada uma. Era uma mini-cruzada em cada lugar; apresentávamos o evangelho, alguns contavam seus testemunhos, eles faziam perguntas, orávamos pelos enfermos e muitos confessavam Jesus.


Alguns da equipe americana levavam as crianças mais agitadas para uma sombra por perto e brincavam com elas evitando distrações e também demonstrando o amor de Jesus pelos pequeninos, apesar da barreira na língua.

Por duas noites mostramos o filme de Jesus e praticamente toda a vila compareceu para assistir a história de Jesus. Olhos bem abertos e rostos espantados enquanto viam satanás (figurado no filme por uma cobra) tentava Jesus no deserto e enquanto Jesus sofria na crucificação. Palmas e sorrisos quando Jesus ressuscitou a filha de Jairo, curou o cego Bartolomeu e especialmente quando Ele próprio ressuscitou dos mortos. Amo ver as reações de lugares onde o filme é mostrado pela primeira vez; as reações de todos são quase unânimes.

Na última tarde convidamos todos os que tinham recebido Jesus durante nosso tempo ali para termos uma reunião embaixo de algumas grandes mangueiras do lado do acampamento. A maior preocupação deles era: os muçulmanos têm uma casa onde adorar (as mesquitas), mas os cristãos não têm; o que podemos fazer? Tivemos um tempo muito bom de ensino sobre algumas bases da fé cristã, que para a maioria era uma grande novidade. Falamos sobre louvor e adoração, oração, a Bíblia e por fim, o que é a igreja e como eles podem começar a se reunir nas suas próprias casas, compartilhando a nova vida em Cristo e adorando a Deus juntos.

Os Embaixadores voltarão para passar um mês ali em breve, levando Bíblias para aqueles que sabem ler, ensinando-os a caminhar seus primeiros passos com Cristo e buscando entre eles um líder em potencial, que possa vir estudar na escola e depois voltar para ensinar mais para as pessoas tão sedentas dali. Também planejamos voltar esse mês para ensinar sobre o batismo nas águas e batizar aqueles que estiverem prontos.

Mais uma vez o Senhor me surpreendeu com os campos brancos tão prontos para a ceara, clamando por trabalhadores dispostos. Uma senhora nos seguiu até uma casa que visitávamos e pediu para tirarmos dela o espírito mal que a atormentava há muito tempo. Compartilhamos a mensagem da salvação com ela e sua família, o poder de Deus sobre os demônios e enquanto ela renunciava toda ligação com as trevas e colocava sua fé em Jesus, era nítida a mudança no seu rosto. Quando terminamos de orar por ela, em uma demonstração tão linda de sua liberdade, ela abriu um grande sorriso, seus olhos estavam limpos e vivos e, batendo palmas, cantou conosco. Foi muito precioso ver a mudança nela, como se um peso tivesse sido tirado de suas costas e um novo dia raiasse. Ao ouvir disso um dos líderes nos chamou para também orar por sua filha. Ela decidiu tirar todas as coisas de curandeirismo do seu corpo e do seu bebê. As duas mulheres vieram para nossa reunião embaixo das mangueiras e espero acompanhá-las nas próximas vezes que voltar ali.

Por favor, esteja orando por Rahcim, para que uma igreja forte e bem estabelecida nasça ali e que Deus levante líderes para serem treinados e para pastorearem as pessoas que vão recebendo a mensagem!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

SAÚDE

Na primeira noite que passamos em Muzuane eu comecei a ter diarréia e muita dor de garganta. Quando fui dormir minha garganta estava tão fechada que mal conseguia engolir a saliva. Antes de dormir nós oramos eu na última vez que fui ao banheiro antes de dormir senti muita fé para rejeitar aquela enfermidade e pedir pela cura sobrenatural. É hora de não só andar em saúde, mas mesmo quando atacada por enfermidades, permanecer firme contra ela. Orei: “Senhor, não quero sair nenhuma vez durante a noite com diarréia e quero acordar com a garganta boa de manhã!” e Deus ouviu essa oração, tive uma ótima noite de sono e acordei no dia seguinte sem nenhum sintoma de diarréia e com a garganta bem melhor.

Logo antes da equipe americana chegar eu passei a semana com bastante tosse e sentindo sintomas de gripe, com o corpo mole e garganta doendo. Pedi para o pessoal do Brasil orar e continuei orando e crendo que Deus me curaria. Assim que a equipe chegou o trabalho triplicou, mas senti uma energia sobrenatural no meu corpo. Durante as duas primeiras semanas falei sem parar; traduzindo, ensinando, brincando com as crianças nas vilas, conversando com a equipe... às vezes a noite me sentia muuuito cansada, mas toda vez que tinha que traduzir ou ensinar, sentia meu corpo revigorado e enquanto falava nem me lembrava do cansaço. Na última semana chegamos de uma viagem no domingo e sairíamos para a última viagem na terça. Na segunda estava bem mal, cansada, com o corpo mole, tosse, dor de cabeça. Novamente pedi oração e cri que Deus podia me fortalecer para a última parte da estadia dessa equipe aqui. E assim foi, acordei completamente bem na terça-feira e passei a semana toda bem forte e sem cansaço.

Ah, cada dia descubro como nosso mundo natural na verdade é controlado pelo sobrenatural. Quando nossa força falha, só dependendo dEle somos capazes de continuar adiante. A equipe americana voltou para os EUA ontem e seus 20 dias aqui foram bem aproveitados com muita proteção e fortalecimento divinos. Louvado seja Deus!

“Quando poderei passar mais tempo com o povo?”

Cada vez que caminho a distância de 30 minutos entre a escola e a vila fico pensando se algum dia poderia simplesmente mudar de vez para a vila. Eu compraria uma casinha de pau a pique, coberta de folhas de palmeiras (uma em boa condições que me proteja da maior parte da chuva) e viveria exatamente como o povo vive: buscando água no poço, cozinhando no carvão, sentando em esteiras (sem cadeiras ou mesas), sem energia, sem computador, telefone ou qualquer tecnologia e com todos os vizinhos participando da minha vida, assim como participam uns da vida dos outros entre eles!

Não sei quanto tempo eu aguentaria, mas a idéia está sempre guardadinha em minha mente.

Para aquilo que Deus me chamou agora, essa vida não é possível. Estamos quase 100% do tempo envolvidas em atividades na escola, precisamos morar na escola para a fácil locomoção e relacionamento com os alunos. Nossa vida não é de muitas regalias, mas temos energia, tomamos banhos de chuveiro (mesmo frio, pelo menos não há o esforço de carregar água na cabeça), podemos nos comunicar com vocês por email e temos uma boa alimentação.

O tempo não chegou ainda, mas a idéia permanece guardadinha em minha mente e assim que surge a oportunidade aproveito para pelo menos passar alguns dias entre eles. Entre uma turma e outra temos duas semanas de folga: a oportunidade perfeita!

Assim, Nicky, Dora e eu passamos do dia 03 ao dia 05 de Maio em Muzuane. Nosso objetivo era simplesmente estar perto do povo, observando, aprendendo, buscando oportunidade para desenvolver relacionamentos e testemunhar do amor de Deus. Montamos nossa barraca no quintal dos embaixadores (nossos missionários nacionais) e saímos para fazer algumas visitas.

A primeira manhã me trouxe à memória o versículo (Isaías 61.1-2) que diz que o Espírito do Senhor nos ungiu para consolar todos os que choram (paráfrase). Visitamos a família de um guarda da escola cujo filho de três anos havia morrido alguns dias antes. Encontramos vários parentes reunidos, consolando a mãe e a avó da criança falecida. Quando a Nicky, que já conhece bem a família, foi cumprimentar a mãe, ela chorava sem parar. Foi especial ver o conforto que algumas palavras da Nicky trouxeram para ela. No final da visita ela sussurrou para a Nicky que tinha confiança que seu filho agora estava com Deus e ela confiava nEle. É uma senhora de 41 anos e agora só lhe restou um filho já adulto, todos os outros “perderam a vida”, como dizem aqui. Ter muitos filhos, nessa cultura, é algo muito importante, talvez muito mais do que na nossa, onde há pessoas que escolhem não ter filhos – aqui seria impensável, uma loucura para eles que alguém possa fazer essa escolha.

Naquela tarde, quando voltamos para nosso acampamento, as crianças logo começaram a chegar. Duas daquela casa, três daquela outra, cinco vindas da escola a caminho de casa e logo tínhamos um bom grupo. Elas vão chegando devagarzinho e logo estão sentadas quase em cima da gente. Alguns pais mandam o filho mais velho buscar o pequeno que fugiu da tarefa de casa para ver os nkunhas (brancos) que chegaram e outros, porque não querem que os filhos tenham contato com “esses cristãos” proíbem os filhos de virem. Mas a maioria dos pais nem sabe por onde os filhos andam, e assim todos dias tínhamos um bom grupo deles conosco.

Logo na primeira tarde tirei o fantoche que ganhei de Simona num tempo bem propício e comecei a ensinar músicas e histórias bíblicas para as crianças que apareciam. Moisés e Jofenal, nossos embaixadores ali, também estão aprendendo o Makua, por serem de outra tribo, então, além da ajuda do Moisés, tive muita ajuda das crianças mais velhas que entendiam um pouco de português e me ajudavam a achar as palavras certas. Por fim, de tanto repetir a mesma coisa, eu já estava contando a história de Davi e Golias quase toda em Makua. Foi um bom aprendizado! Mas, como todo aprendizado, não faltam os erros. E esse foi muito engraçado.

Contei que Davi matou o leão e queria contar que ele matou o urso. Como as crianças não conhecem urso aqui, pensei em outro animal que pudesse substituí-lo para que elas entendessem. Pensei no hipopótamo. Ok, Davi matou o hipopótamo. Mas como se diz hipopótamo em Makua? Moisés não sabe. Pergunto as crianças e elas me dizem: Tcherope! Ok Davi okwa tcherope! Como o “tcherope” faz? - pergunto para uma das crianças maiores. Ele junta os dedos e sai saltitando. HEIN? Será que é assim que o hipopótamo anda? Ah, deixa para lá, não vamos contrariar. E a história continua, até Davi matar o gigante Golias, que desafiou o povo de Deus. Quando estou terminando a história um dos meninos pequenos chega correndo com algo na mão. Ele abre a mão e me mostra um pequeno gafanhoto. Ele aponta e diz: “tcherope!” HEIN? Então isso é um Tcherope! Isso não é um hipopótamo. Ah, por isso aquela criança mostrou o hipopótamo saltitando, ele estava mostrando era um gafanhoto! Então, Davi matou um gafanhoto!?! Que grande façanha, não?! Haha... Por fim descobri o verdadeiro nome do tal do hipopótamo e corrigi a tal da história! Da próxima vez, alguém me arranja um intérprete de verdade!? :)

Enfim, passamos bons e divertidos momentos com as crianças. Ensinei as maiores a brincar de “queimada”, as pequenas brincaram de “passa pedrinha” (na falta de um anel) e todas brincaram de “batata quente”. Tantas crianças, carentes de atenção, dispostas a aprender qualquer coisa que alguém gastar o tempo de lhes ensinar. Traduzimos várias músicas de crianças em português para o Makua e quando entrávamos para comer, elas cantavam no topo de suas vozes as músicas que aprenderam para ver se lhes dávamos atenção!

Nos próximos dias, além de passar tempo com as crianças, fomos com Moisés, Jofenal e Zita (minha professora de Makua e nossa futura aluna na escola bíblica) visitar várias casas em evangelismo.

Tantas pessoas, aguardando a mensagem do evangelho. Jacky (um nome bem diferente nessa região) nos disse que viveu toda sua vida sem conhecer o que acontece depois da morte. Ele pensava ser uma boa pessoa, mas quando viu o padrão de amor de Deus, que faz o bem em troca do mal, viu o quão abaixo do padrão se encontrava. Depois de conversarmos e mostrar-lhe o que a Bíblia diz, ele prontamente pediu para Jesus entrar em sua vida, perdoar seus pecados e ajudá-lo a viver para Ele.

Um shêhe, líder de uma mesquita próxima, encontramos doente. A família diz que foi “drogado” (alguém fez macumba contra ele) pelos outros muçulmanos que querem que ele morra para que possam ficar com a mesquita e está doente há 4 meses. Conversamos com ele sobre a vida após a morte, sobre o sacrifício perfeito de Jesus. Seus três filhos adultos aceitaram Jesus naquele mesmo dia e temos continuado a visitá-los para que cresçam na decisão que fizeram. O pai, mesmo ainda não tendo aceitado, ouviu com muita atenção e preocupação nossa conversa. Com a morte batendo à porta, ele começa a questionar com sinceridade tudo o que lhe foi ensinado. Por favor, ore por ele.

No caminho de volta para casa, um filho preocupado nos chama. É muçulmano, mas pede oração pelo pai que está muito doente há muito tempo e se encontra à beira da morte. Encontramos o senhor bem fraco numa esteira na frente de casa. Oramos por ele e no dia seguinte voltamos para visitá-lo com mais tempo. Ele também aceitou Jesus, depois de ouvir o testemunho da avó de Zita, que entregou sua vida a Jesus no ano passado e teve a vida totalmente transformada por Ele. Ore por ele também, seu nome é Afat!

E assim, olhamos ao redor, para os milhares que perecem sem conhecer a vida em abundância que encontramos em Jesus. Desesperados queremos evangelizar sem parar, mas sabemos que evangelismo sem discipulado para nada serve. Serão bebês que morrerão sem cuidado. Assim, nos dedicamos também aos líderes sendo formados para cuidarem de tão grande colheita para o Reino. Homens e mulheres que cuidarão desses muitos que aceitam a Jesus.

Moisés e Jofenal querem começar duas outras igrejas nos lares em Muzuane. Que Deus lhes dê graça para ver crescimento na vida desses novos convertidos, para que outros possam se achegar ao Rei e também serem cuidados.

Ore por nós! Ore por esse lugar!

A colheita é grande! Os trabalhadores são poucos! Que o Senhor da Colheita envie mais trabalhadores!
Voltamos para casa felizes de termos passado alguns dias com eles, mas com o desejo de mais! :)

... e a idéia permanece guardadinha em minha mente!

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Quando as situações saem do nosso controle!

Quando as situações saem do nosso controle,
Quando o que queremos que aconteça simplesmente não acontece,
É uma boa oportunidade de levantarmos nossos olhos aos céus
E em completa rendição de vontade exclamar: Obrigada Jesus!

Obrigada, pois não é minha vontade que reina!
Obrigada, pois sou escrava somente Tua!
Obrigada, pois Tu sabes o melhor!
Obrigada, pois me tratas como Tu queres!

O fruto da rendição é a paz,
É a satisfação,
O sentimento de estar completo,
É saber que Ele reina, Ele é o Senhor,
E nEle posso realmente descansar.

Como Jesus no Getsêmani, ensina-me a cada dia dizer:
Não a minha vontade, Pai, mas a Tua!

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Festival de Jogos na Praia


Como nos divertimos nessa manhã na praia com os alunos! Tivemos vários jogos e competições, num tempo de construir recordações, guardar memórias e nos alegrarmos juntos!

sábado, 21 de abril de 2007

Anormais...

Nos pediram para sermos normais.
Descobrimos que o normal simplesmente não existe.
Nos pediram que ao menos nos comportássemos como os demais.
Mas como, se descobrimos como realmente se vive?

A alegria de ser Tua filha
O clamor de sentir o coração do Pai
O transbordar do amor e da paz
A dor ao dar a luz a sua vontade

Simplesmente, dizemos não, Não podemos ser normais!
Sentimos muito, nos desculpe,
Não seremos com os demais!

Um chamado profético,
Um coração de intercessão.
Uma chama de oração,
Queimando com fogo ardente!

Venha o Teu Reino,
Seja feita a Tua Vontade,
Assim na minha vida, como na deles!
Nesse país, como naquele!

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Páscoa

Essa foi a primeira páscoa comemorada na Escola de Discipulado de Nacala. Nosso objetivo nesse tempo é passar para os alunos o significado desses dias, o que aconteceu no tempo e na história, nessa época do ano. É assim, um tempo de lembrar, meditar e receber novas revelações do que Jesus fez por nós na cruz!



Na sexta-feira a tarde Jeff e Nicky, de uma maneira muito criativa, trouxeram à vida o que aconteceu na última semana de Jesus antes da sua morte. Eles, Dora e eu nos vestimos com roupas típicas hebraicas e chegamos de surpresa na sala de aula, dizendo que éramos judeus voltando da celebração da Páscoa em Jerusalém, a caminho da nossa casa na Macedônia. Pedíamos hospedagem na casa daquela grande família (todos os alunos) e durante a refeição (pães ázimos e mel – porque não conseguimos encontrar um cabrito à venda a tempo, pois são muito caros aqui) explicamos o que vimos e ouvimos em Jerusalém nos dias passados (Jesus em Betânia, a entrada em Jerusalém etc). Jeff e Nicky contaram a história, eu traduzi e a Dora serviu a comida. A história era tão real, e os alunos estavam tão atentos que às vezes era difícil acreditar que já se passaram 2007 anos e estamos a dezenas de milhares de kilômetros de Jerusalém. Por instantes parecia que realmente acabáramos de chegar de Jerusalém e estivéramos com Jesus ali ontem.

À noite Jorge continuou a história falando sobre a crucificação. Ao meditarmos sobre isso, colocamos nosso nome numa cruz de madeira, lembrando-nos que estamos crucificados com Cristo. A Dora dançou com muita graça uma música sobre o tema da páscoa, Isaías 53 e depois passamos um tempo orando e agradecendo a Deus por tudo que Ele nos deu na cruz e declarando nossa fé no sacrifício completo de Cristo. Foi um tempo de orações espontâneas muito precioso!

No sábado os alunos foram evangelizar na vila e voltaram radiantes, pelos que aceitaram a Jesus e pela ousadia que lhes foi concedida enquanto falavam. A noite íamos passar o filme de Jesus na vila, mas quinze minutos depois do início começou a chover muito forte e como todo equipamento e as pessoas estavam ao ar livre, tivemos que parar. Havia muita gente! Muitas crianças... e creio que Deus plantou um desejo no meu coração naquela noite – algo que ainda não posso definir bem, mas uma resposta das orações por direção que temos feito. Os alunos voltaram para a escola ensopados, mas cantando o mais alto que podiam!



No domingo de manhã, nos reunimos e eu falei sobre a ressurreição de Cristo. Ah, que grande vitória temos e que garantia de que se as primícias foram aceitas (Jesus), a colheita também será (nós)! Ceiamos juntos, declarando a volta do nosso Cristo vitoriso!

Que Deus tenha tornado vívida para você também a história de seu Filho!
E, que grande alegria saber que não precisamos esperar até a próxima páscoa para lembrarmo-nos disso. Através da Ceia, nos lembramos do sacrifícil de Cristo sempre!