sábado, 21 de abril de 2007

Anormais...

Nos pediram para sermos normais.
Descobrimos que o normal simplesmente não existe.
Nos pediram que ao menos nos comportássemos como os demais.
Mas como, se descobrimos como realmente se vive?

A alegria de ser Tua filha
O clamor de sentir o coração do Pai
O transbordar do amor e da paz
A dor ao dar a luz a sua vontade

Simplesmente, dizemos não, Não podemos ser normais!
Sentimos muito, nos desculpe,
Não seremos com os demais!

Um chamado profético,
Um coração de intercessão.
Uma chama de oração,
Queimando com fogo ardente!

Venha o Teu Reino,
Seja feita a Tua Vontade,
Assim na minha vida, como na deles!
Nesse país, como naquele!

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Páscoa

Essa foi a primeira páscoa comemorada na Escola de Discipulado de Nacala. Nosso objetivo nesse tempo é passar para os alunos o significado desses dias, o que aconteceu no tempo e na história, nessa época do ano. É assim, um tempo de lembrar, meditar e receber novas revelações do que Jesus fez por nós na cruz!



Na sexta-feira a tarde Jeff e Nicky, de uma maneira muito criativa, trouxeram à vida o que aconteceu na última semana de Jesus antes da sua morte. Eles, Dora e eu nos vestimos com roupas típicas hebraicas e chegamos de surpresa na sala de aula, dizendo que éramos judeus voltando da celebração da Páscoa em Jerusalém, a caminho da nossa casa na Macedônia. Pedíamos hospedagem na casa daquela grande família (todos os alunos) e durante a refeição (pães ázimos e mel – porque não conseguimos encontrar um cabrito à venda a tempo, pois são muito caros aqui) explicamos o que vimos e ouvimos em Jerusalém nos dias passados (Jesus em Betânia, a entrada em Jerusalém etc). Jeff e Nicky contaram a história, eu traduzi e a Dora serviu a comida. A história era tão real, e os alunos estavam tão atentos que às vezes era difícil acreditar que já se passaram 2007 anos e estamos a dezenas de milhares de kilômetros de Jerusalém. Por instantes parecia que realmente acabáramos de chegar de Jerusalém e estivéramos com Jesus ali ontem.

À noite Jorge continuou a história falando sobre a crucificação. Ao meditarmos sobre isso, colocamos nosso nome numa cruz de madeira, lembrando-nos que estamos crucificados com Cristo. A Dora dançou com muita graça uma música sobre o tema da páscoa, Isaías 53 e depois passamos um tempo orando e agradecendo a Deus por tudo que Ele nos deu na cruz e declarando nossa fé no sacrifício completo de Cristo. Foi um tempo de orações espontâneas muito precioso!

No sábado os alunos foram evangelizar na vila e voltaram radiantes, pelos que aceitaram a Jesus e pela ousadia que lhes foi concedida enquanto falavam. A noite íamos passar o filme de Jesus na vila, mas quinze minutos depois do início começou a chover muito forte e como todo equipamento e as pessoas estavam ao ar livre, tivemos que parar. Havia muita gente! Muitas crianças... e creio que Deus plantou um desejo no meu coração naquela noite – algo que ainda não posso definir bem, mas uma resposta das orações por direção que temos feito. Os alunos voltaram para a escola ensopados, mas cantando o mais alto que podiam!



No domingo de manhã, nos reunimos e eu falei sobre a ressurreição de Cristo. Ah, que grande vitória temos e que garantia de que se as primícias foram aceitas (Jesus), a colheita também será (nós)! Ceiamos juntos, declarando a volta do nosso Cristo vitoriso!

Que Deus tenha tornado vívida para você também a história de seu Filho!
E, que grande alegria saber que não precisamos esperar até a próxima páscoa para lembrarmo-nos disso. Através da Ceia, nos lembramos do sacrifícil de Cristo sempre!

terça-feira, 3 de abril de 2007

Um dia A-normal na nossa vida!

Nossa vista!!!

Hoje foi um dia bem corrido, mas ao mesmo tempo bem corriqueiro, daqueles que quando descritos dá-se uma idéia bem clara de como é nossa vida.


Às 5h eu e Dora acordamos. Cada uma procura seu canto para começar o dia buscando a Deus. A Dora geralmente foge para algum canto do campus, tendo que lutar com mosquitos e moscas (o fim do turno daqueles e início dessas). E eu fico bem protegidinha na minha cama, com meu mosquiteiro bem colocado embaixo do colchão porque não gosto de lutas a essa hora da manhã. Hoje Dora não quis enfrentar a guerra lá fora, então ficou na mesa da nossa sala de jantar (do outro lado do quarto)!


Às 6h ela vem para dentro do meu refúgio e juntas temos um tempo de oração, que ora varia para intercessão, ora adoração, ora o que Espírito guiar. É o momento quando compartilhamos algo que tem incomodado nosso coração, algo que Deus tem falado, ou simplesmente começamos orando para ver aonde chegamos.


Às 6h30 é hora de nos apressarmos. Enquanto uma arruma a mesa do café, a outra arruma a cama. Cada dia uma demora mais para se arrumar e a outra tenta compensar a lerdeza da companheira. Geralmente sabemos exatamente o que a outra tem que fazer então cada uma dá ordens à outra!


Tipicamente saímos correndo de casa para chegarmos pontualmente às 7h no devocional na sala de aula com os alunos. Já chegamos com os espíritos prontos para o tempo de adoração e busca ao Senhor conjunta e por fim a palavra, ministrada esses dias pelos próprios alunos.
Hoje Dora ensinou a primeira aula e eu, a segunda. Enquanto ela começou às 8h15, eu desci para dizer para Paduro (nosso ajudante) o que fazer para o almoço, preparar aula, passar alguns relatórios que a Nicky tinha me pedido, pegar algumas fotos dela que eu precisava e dar uma arrumadinha por cima na casa.
9h15 eu subi correndo para minha aula, enquanto ela desceu para escrever emails no computador. A aula foi boa, apesar de às vezes ser difícil saber o que passar para eles em tão pouco tempo. Agora estou ensinando sobre igreja nos lares.


10h15 eu desci, pegamos a chave da casa da Deborah com a Nicky e lá fomos nós para a cidade com nossa Shizzaan (motinho cinquentinha). Paramos na casa da Deborah. Era para abrirmos para o trabalhador dela dar uma limpada, e não juntar muita sujeira para quando a família chegar com o novo bebê, mas o trabalhador não estava. Deixamos recado com a vizinha de que voltaremos amanhã.
Passamos numa loja para comprar créditos para o celular do Jorge e seguimos para a lan house, chamada TDM. Ali é hora de passar raiva. Dos três computadores (ah sim, eram 2, mas agora arranjaram outro), só um estava funcionando. A Dora bem que tentou usar o outro, mas pifou de vez. A conexão terrível não nos deixava fazer nada! Mas enfim, depois de duas horas conseguimos enviar os emails que tínhamos escrito em casa, e copiar os emails que recebemos. Sem tempo para ler ou responder emails ali.
Uau, já são 13h45 e temos que correr para a Mcell, uma das companhias de telefones aqui, para ver se conseguiram configurar meu celular para acessar a internet e nos vermos livres dessa terrível lan house. NADA! A pessoa que faria isso só entra às 15h e nós não podemos esperar.


Saímos da cidade às 14h15 e em 30 minutos exatos estamos em casa. Tempo suficiente para engolir um almoço gostoso de arroz, feijão e peixe grelhado, enquanto releio minha última lição de Makua. Em 15 minutos estou pronta para novamente sair correndo para a vila para minha aula de Makua, que começaria às 15h, mas como é a primeira vez que vou sozinha, erro o caminho umas duas vezes, e enfim chego uns 10 minutos atrasada.
Minha aula é com Zita, sua mãe e sua vovó. O tio, a tia, os sobrinhos, filhos, vizinhos estão todos ali também. Sentados na esteira, filha e mãe me explicam o que eu pergunto, e a avó, que não fala português, dispara em Makua, conversando como se eu entendesse! Quando eu falo Makua, as crianças riem e repetem! E assim a hora passa rapidamente. Quando o limite do que posso aprender chega, fechamos os cadernos e abrimos a Bíblia. Zita quer saber o que é a Páscoa, então passamos meia hora conversando sobre a páscoa no Antigo Testamento e a Ceia no Novo Testamento.
O sol já está abaixando e é hora de começar o caminho de volta para casa. É a primeira vez que vou e volto de Muzuane sozinha, então melhor não demorar, senão Jorge manda alunos me procurarem, pensando que me perdi. Termino de comer o doce de abóbora que uma das mulheres me serviu, me despeço de todos e pego o “caminho da roça” (no caso, o caminho da praia).


Quando chego em casa, o tempo é só o suficiente para tomar um banho frio (que na verdade é morno de tão quente os canos que ficam debaixo da terra), lanchar e correr para a sala de aula. Temos uma escala e cada dia um de nós é responsável pela atividade da noite (oração ou vídeo) e hoje eu fiquei de colocar o vídeo.


Às 8h o filme acabou, e com ele nosso dia. Volto para casa correndo, a tempo de escrever sobre meu dia, organizar minhas últimas coisas e dormir às 9h, porque amanhã tudo começa novamente e eu preciso das 8h de sono para um bom funcionamento do cérebro!