sexta-feira, 22 de junho de 2007

Possibilidade e Potencial

Quando somos jovens, estamos cheios de potencial.
Oportunidades e possibilidades são inúmeras;
São tantas que às vezes ficamos até confusos.

Mas o que tenho descoberto é que conforme crescemos,
Nossas escolhas nos limitam.
O que fazemos com os nossos dias, o que decidimos para nossa vida,
Encerram algumas possibilidades,
Fecham as portas para outras oportunidades.

Se são escolhas certas, nosso potencial é transformado em realidade;
Os sonhos que realmente importam vão se concretizando
E aqueles que eram uma utopia, ou uma divagação sem sentido
Vão perdendo a força e o fascínio.

Se as escolhas são erradas, o potencial escorre pelo ralo;
As portas se fecham, sem resultado
E a mente sonhadora se transforma em uma alma frustrada.

Ainda não sei o fim dessa história.
Ainda estou no início.
Estou fechando as primeiras portas.
Até agora não me arrependo de nenhuma delas.
Gosto do caminho que estou trilhando.
Sei que ainda cometerei muitos erros,
Mas oro para que sejam como aqueles que já tenho cometido até aqui,
Erros que não tragam frustração ou desgosto permanente.

Que o fim dessa história seja de um potencial que se tornou realidade!


Que o fim dessa história seja de uma vida que não olhou para trás;
Que viveu 100% o hoje,
Que fechou sem dó as portas laterais,
Que prosseguiu rumo ao alvo confiante
E não se importou com as possibilidades não aproveitadas.
Que a história termine no mesmo tom que começou,
Dirigida e guiada pelo Maestro do Universo!
Só assim essa história terá um final eternamente pleno!




Lalaua



Depois de bastante tempo só em comunidades islâmicas, enfim fomos visitar uma vila mais longe do litoral, onde a influência muçulmana é muito menor e a religião predominante é o animismo: o culto aos ancestrais através do curandeirismo.

Em Lalaua fomos visitar um pastor que tem trabalhado lado a lado com alguns embaixadores há algum tempo, pastor Lourenço. A hospitalidade foi tamanha que até nos deixavam constrangidos. Água para o banho todos os dias (em outros lugares era um banho a cada três dias e assim mesmo na água salgada) e muita ajuda em tudo o que fazíamos. Foi um tempo totalmente diferente, pois, apesar de visitarmos várias casas em evangelismo, estávamos ali para cooperar com uma igreja já bem estabelecida.


Aproveitamos nosso tempo ali para investir na vida dos cristãos, ensinando sobre os alicerces de Hebreus 6. O ensino sobre Arrependimento e Fé foram muito simples, mas penetrantes. Durante o tempo de ministração houve manifestações boas e ruins. Foi claro o contraste entre uma mulher que caiu manifestando e enfim foi liberta de um espírito mau e um dos homens que foi à frente porque queria receber o batismo no Espírito Santo e caiu pelo Espírito sem ninguém o tocar. Impressionante ver a paz de Deus sobre a vida dele e ver como uma mesma ação (cair) pode ser usada por Deus ou pelos demônios, mas como é nítida a diferença entre um e outro.

Em cada casa onde chegávamos, novamente uma pequena multidão se aglomerava para ouvir. No final muitos queriam entregar suas vidas para Jesus e em algumas casas tomavam a séria decisão de queimar as cordas que prendiam seus pescoços, pulsos, tornozelos ou cabeças (fetiches comprados nos curandeiros com o objetivo de conseguir mais força física, cura de alguma doença ou proteção contra os espíritos).

Foi também um tempo de encorajamento aos crentes da igreja local, para que eles mesmos possam sair para evangelizar e ensinar seus visinhos e amigos.

No último dia nos reunimos com a liderança da igreja para conversarmos e encorajá-los e no final eles nos mostraram uma carta que haviam escrito antes, onde colocavam alguns dos pedidos de oração que vinham fazendo. Admirados, vimos que todas as necessidades escritas foram atendidas, mesmo sem termos conhecimento da lista até esse último dia.
* Ajuda no Evangelismo
* Mostrar o filme de Jesus em Lalaua Velha e Lalaua Sede
* Seminário de ensino aos crentes
* Cobertura da Igreja que vão construir – esse último pedido foi apresentado como pedido de oração e rapidamente atendido por Deus através do Nickie, líder da equipe visitante do CFNI, que também é responsável por um projeto do CFNI que coloca telhados em igrejas construídas pelos nacionais em todo o mundo.

O pastor Lourenço não conseguia se conter de alegria. Levantou, bateu palmas, deu uma dançadinha e sentou de novo, mal se contendo. Antes de sairmos foi combinado o tamanho da igreja e aproximadamente quantos tijolos terão que fazer (trabalho do povo local) e como o telhado será colocado (com o dinheiro oferecido pelo Nickie e material comprado e transportado pela Afrika Wa Yesu).

Muitos acontecimentos engraçados também aconteceram nessa viagem. A casa do pastor é cheia de animais. Patos, galinhas, um cão muito feio, um gato... um verdadeiro zoológico. Uma galinha chocava seus 12 ovos na escuridão e conforto do banheiro (latrina externa) e conforme os dias foram passando foi se irritando conosco. Imagine a pressão: toda vez que precisávamos usar a latrina a galinha fazia barulhos, abrindo as asas e ameaçando picar nosso traseiro. Desnecessário dizer que não usamos o banheiro mais do que o extremamente necessário naqueles três dias. Para piorar, o marido, um galo bem emproado, decidia que era hora de cacarejar todos os dias exatamente às 2h18 e dali em diante a cada 5 minutos. Para mim, nenhum incômodo, pois com meu sono pesado só o ouvia depois das 5h, mas para vários outros, isso significou três noites sem dormir.

Por fim, a equipe, feliz e cansada partiu para Nampula.
Passamos uma noite na SIL, uma missão que oferece acomodações para missionários em trânsito, onde puderam tirar o excesso de terra vermelha do corpo e das roupas antes de partir de volta para os EUA. Mariano, professor moçambicano em Inhaminga e coordenador nacional dos Embaixadores, partiu com a equipe, pois vai estudar um ano no CFNI. Vamos sentir tanta saudade desse nosso amigo, mas sabemos que ele vai aprender muitas coisas e crescer muito e, por fim, voltar ainda melhor equipado para servir a Deus em Moçambique.

RAHCIM

Rahcim é uma comunidade pesqueira do outro lado da bahia que se estende à frente da nossa escola.

De casa conseguimos avistá-los ao longe e esse mês tivemos a oportunidade de visitá-los com a equipe americana do CFNI. A viagem leva cerca de 30 minutos num barco a vela, muito semelhante àqueles usados por Jesus, eu imagino.

Ali vivem cerca de 70 famílias numa pequena península isolada do restante da população por água ou pela grande distância por terra da vila vizinha. Há várias mesquitas, mas nenhuma igreja. Há muitos corações desejosos de seguir a Jesus, sobre quem ouviram falar pela primeira vez através dos embaixadores durante a semana que passaram lá há alguns meses. Muitos vivem cheios de vícios, outros atemorizados por espíritos maus que os líderes da mesquita tentam em vão apaziguar com rituais tradicionais. A estrutura familiar parece ser forte e as crianças são obedientes e até bem cuidadas, longe da influência da cidade e dos efeitos da civilização. Roubos ou crimes do tipo são raridades ali, já que todos são conhecidos e o sistema de governo é bem estabelecido com líderes gerais e líderes de área.

A partir da primeira casa que visitamos podíamos notar a sede na população. Todos os vizinhos se reuniam onde estávamos e quando terminávamos de falar da Palavra olhávamos ao redor e mais de 30 pessoas estavam ouvindo atentamente cada palavra, que passava do inglês, pelo português, até o makua (dialeto local).

Quando no final perguntávamos quem acreditava no que tínhamos falado e queria receber essa nova vida em Cristo, TODOS diziam que sim, crianças e adultos. Isso é muito raro em meio a comunidades muçulmanas e procurávamos ver se realmente tinham entendido o que havíamos falado, mas todos estavam muito desejosos de receber aquilo que lhes apresentávamos. Não conseguíamos visitar muitas casas por dia, pois levávamos de 1h30 há 2h em cada uma. Era uma mini-cruzada em cada lugar; apresentávamos o evangelho, alguns contavam seus testemunhos, eles faziam perguntas, orávamos pelos enfermos e muitos confessavam Jesus.


Alguns da equipe americana levavam as crianças mais agitadas para uma sombra por perto e brincavam com elas evitando distrações e também demonstrando o amor de Jesus pelos pequeninos, apesar da barreira na língua.

Por duas noites mostramos o filme de Jesus e praticamente toda a vila compareceu para assistir a história de Jesus. Olhos bem abertos e rostos espantados enquanto viam satanás (figurado no filme por uma cobra) tentava Jesus no deserto e enquanto Jesus sofria na crucificação. Palmas e sorrisos quando Jesus ressuscitou a filha de Jairo, curou o cego Bartolomeu e especialmente quando Ele próprio ressuscitou dos mortos. Amo ver as reações de lugares onde o filme é mostrado pela primeira vez; as reações de todos são quase unânimes.

Na última tarde convidamos todos os que tinham recebido Jesus durante nosso tempo ali para termos uma reunião embaixo de algumas grandes mangueiras do lado do acampamento. A maior preocupação deles era: os muçulmanos têm uma casa onde adorar (as mesquitas), mas os cristãos não têm; o que podemos fazer? Tivemos um tempo muito bom de ensino sobre algumas bases da fé cristã, que para a maioria era uma grande novidade. Falamos sobre louvor e adoração, oração, a Bíblia e por fim, o que é a igreja e como eles podem começar a se reunir nas suas próprias casas, compartilhando a nova vida em Cristo e adorando a Deus juntos.

Os Embaixadores voltarão para passar um mês ali em breve, levando Bíblias para aqueles que sabem ler, ensinando-os a caminhar seus primeiros passos com Cristo e buscando entre eles um líder em potencial, que possa vir estudar na escola e depois voltar para ensinar mais para as pessoas tão sedentas dali. Também planejamos voltar esse mês para ensinar sobre o batismo nas águas e batizar aqueles que estiverem prontos.

Mais uma vez o Senhor me surpreendeu com os campos brancos tão prontos para a ceara, clamando por trabalhadores dispostos. Uma senhora nos seguiu até uma casa que visitávamos e pediu para tirarmos dela o espírito mal que a atormentava há muito tempo. Compartilhamos a mensagem da salvação com ela e sua família, o poder de Deus sobre os demônios e enquanto ela renunciava toda ligação com as trevas e colocava sua fé em Jesus, era nítida a mudança no seu rosto. Quando terminamos de orar por ela, em uma demonstração tão linda de sua liberdade, ela abriu um grande sorriso, seus olhos estavam limpos e vivos e, batendo palmas, cantou conosco. Foi muito precioso ver a mudança nela, como se um peso tivesse sido tirado de suas costas e um novo dia raiasse. Ao ouvir disso um dos líderes nos chamou para também orar por sua filha. Ela decidiu tirar todas as coisas de curandeirismo do seu corpo e do seu bebê. As duas mulheres vieram para nossa reunião embaixo das mangueiras e espero acompanhá-las nas próximas vezes que voltar ali.

Por favor, esteja orando por Rahcim, para que uma igreja forte e bem estabelecida nasça ali e que Deus levante líderes para serem treinados e para pastorearem as pessoas que vão recebendo a mensagem!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

SAÚDE

Na primeira noite que passamos em Muzuane eu comecei a ter diarréia e muita dor de garganta. Quando fui dormir minha garganta estava tão fechada que mal conseguia engolir a saliva. Antes de dormir nós oramos eu na última vez que fui ao banheiro antes de dormir senti muita fé para rejeitar aquela enfermidade e pedir pela cura sobrenatural. É hora de não só andar em saúde, mas mesmo quando atacada por enfermidades, permanecer firme contra ela. Orei: “Senhor, não quero sair nenhuma vez durante a noite com diarréia e quero acordar com a garganta boa de manhã!” e Deus ouviu essa oração, tive uma ótima noite de sono e acordei no dia seguinte sem nenhum sintoma de diarréia e com a garganta bem melhor.

Logo antes da equipe americana chegar eu passei a semana com bastante tosse e sentindo sintomas de gripe, com o corpo mole e garganta doendo. Pedi para o pessoal do Brasil orar e continuei orando e crendo que Deus me curaria. Assim que a equipe chegou o trabalho triplicou, mas senti uma energia sobrenatural no meu corpo. Durante as duas primeiras semanas falei sem parar; traduzindo, ensinando, brincando com as crianças nas vilas, conversando com a equipe... às vezes a noite me sentia muuuito cansada, mas toda vez que tinha que traduzir ou ensinar, sentia meu corpo revigorado e enquanto falava nem me lembrava do cansaço. Na última semana chegamos de uma viagem no domingo e sairíamos para a última viagem na terça. Na segunda estava bem mal, cansada, com o corpo mole, tosse, dor de cabeça. Novamente pedi oração e cri que Deus podia me fortalecer para a última parte da estadia dessa equipe aqui. E assim foi, acordei completamente bem na terça-feira e passei a semana toda bem forte e sem cansaço.

Ah, cada dia descubro como nosso mundo natural na verdade é controlado pelo sobrenatural. Quando nossa força falha, só dependendo dEle somos capazes de continuar adiante. A equipe americana voltou para os EUA ontem e seus 20 dias aqui foram bem aproveitados com muita proteção e fortalecimento divinos. Louvado seja Deus!

“Quando poderei passar mais tempo com o povo?”

Cada vez que caminho a distância de 30 minutos entre a escola e a vila fico pensando se algum dia poderia simplesmente mudar de vez para a vila. Eu compraria uma casinha de pau a pique, coberta de folhas de palmeiras (uma em boa condições que me proteja da maior parte da chuva) e viveria exatamente como o povo vive: buscando água no poço, cozinhando no carvão, sentando em esteiras (sem cadeiras ou mesas), sem energia, sem computador, telefone ou qualquer tecnologia e com todos os vizinhos participando da minha vida, assim como participam uns da vida dos outros entre eles!

Não sei quanto tempo eu aguentaria, mas a idéia está sempre guardadinha em minha mente.

Para aquilo que Deus me chamou agora, essa vida não é possível. Estamos quase 100% do tempo envolvidas em atividades na escola, precisamos morar na escola para a fácil locomoção e relacionamento com os alunos. Nossa vida não é de muitas regalias, mas temos energia, tomamos banhos de chuveiro (mesmo frio, pelo menos não há o esforço de carregar água na cabeça), podemos nos comunicar com vocês por email e temos uma boa alimentação.

O tempo não chegou ainda, mas a idéia permanece guardadinha em minha mente e assim que surge a oportunidade aproveito para pelo menos passar alguns dias entre eles. Entre uma turma e outra temos duas semanas de folga: a oportunidade perfeita!

Assim, Nicky, Dora e eu passamos do dia 03 ao dia 05 de Maio em Muzuane. Nosso objetivo era simplesmente estar perto do povo, observando, aprendendo, buscando oportunidade para desenvolver relacionamentos e testemunhar do amor de Deus. Montamos nossa barraca no quintal dos embaixadores (nossos missionários nacionais) e saímos para fazer algumas visitas.

A primeira manhã me trouxe à memória o versículo (Isaías 61.1-2) que diz que o Espírito do Senhor nos ungiu para consolar todos os que choram (paráfrase). Visitamos a família de um guarda da escola cujo filho de três anos havia morrido alguns dias antes. Encontramos vários parentes reunidos, consolando a mãe e a avó da criança falecida. Quando a Nicky, que já conhece bem a família, foi cumprimentar a mãe, ela chorava sem parar. Foi especial ver o conforto que algumas palavras da Nicky trouxeram para ela. No final da visita ela sussurrou para a Nicky que tinha confiança que seu filho agora estava com Deus e ela confiava nEle. É uma senhora de 41 anos e agora só lhe restou um filho já adulto, todos os outros “perderam a vida”, como dizem aqui. Ter muitos filhos, nessa cultura, é algo muito importante, talvez muito mais do que na nossa, onde há pessoas que escolhem não ter filhos – aqui seria impensável, uma loucura para eles que alguém possa fazer essa escolha.

Naquela tarde, quando voltamos para nosso acampamento, as crianças logo começaram a chegar. Duas daquela casa, três daquela outra, cinco vindas da escola a caminho de casa e logo tínhamos um bom grupo. Elas vão chegando devagarzinho e logo estão sentadas quase em cima da gente. Alguns pais mandam o filho mais velho buscar o pequeno que fugiu da tarefa de casa para ver os nkunhas (brancos) que chegaram e outros, porque não querem que os filhos tenham contato com “esses cristãos” proíbem os filhos de virem. Mas a maioria dos pais nem sabe por onde os filhos andam, e assim todos dias tínhamos um bom grupo deles conosco.

Logo na primeira tarde tirei o fantoche que ganhei de Simona num tempo bem propício e comecei a ensinar músicas e histórias bíblicas para as crianças que apareciam. Moisés e Jofenal, nossos embaixadores ali, também estão aprendendo o Makua, por serem de outra tribo, então, além da ajuda do Moisés, tive muita ajuda das crianças mais velhas que entendiam um pouco de português e me ajudavam a achar as palavras certas. Por fim, de tanto repetir a mesma coisa, eu já estava contando a história de Davi e Golias quase toda em Makua. Foi um bom aprendizado! Mas, como todo aprendizado, não faltam os erros. E esse foi muito engraçado.

Contei que Davi matou o leão e queria contar que ele matou o urso. Como as crianças não conhecem urso aqui, pensei em outro animal que pudesse substituí-lo para que elas entendessem. Pensei no hipopótamo. Ok, Davi matou o hipopótamo. Mas como se diz hipopótamo em Makua? Moisés não sabe. Pergunto as crianças e elas me dizem: Tcherope! Ok Davi okwa tcherope! Como o “tcherope” faz? - pergunto para uma das crianças maiores. Ele junta os dedos e sai saltitando. HEIN? Será que é assim que o hipopótamo anda? Ah, deixa para lá, não vamos contrariar. E a história continua, até Davi matar o gigante Golias, que desafiou o povo de Deus. Quando estou terminando a história um dos meninos pequenos chega correndo com algo na mão. Ele abre a mão e me mostra um pequeno gafanhoto. Ele aponta e diz: “tcherope!” HEIN? Então isso é um Tcherope! Isso não é um hipopótamo. Ah, por isso aquela criança mostrou o hipopótamo saltitando, ele estava mostrando era um gafanhoto! Então, Davi matou um gafanhoto!?! Que grande façanha, não?! Haha... Por fim descobri o verdadeiro nome do tal do hipopótamo e corrigi a tal da história! Da próxima vez, alguém me arranja um intérprete de verdade!? :)

Enfim, passamos bons e divertidos momentos com as crianças. Ensinei as maiores a brincar de “queimada”, as pequenas brincaram de “passa pedrinha” (na falta de um anel) e todas brincaram de “batata quente”. Tantas crianças, carentes de atenção, dispostas a aprender qualquer coisa que alguém gastar o tempo de lhes ensinar. Traduzimos várias músicas de crianças em português para o Makua e quando entrávamos para comer, elas cantavam no topo de suas vozes as músicas que aprenderam para ver se lhes dávamos atenção!

Nos próximos dias, além de passar tempo com as crianças, fomos com Moisés, Jofenal e Zita (minha professora de Makua e nossa futura aluna na escola bíblica) visitar várias casas em evangelismo.

Tantas pessoas, aguardando a mensagem do evangelho. Jacky (um nome bem diferente nessa região) nos disse que viveu toda sua vida sem conhecer o que acontece depois da morte. Ele pensava ser uma boa pessoa, mas quando viu o padrão de amor de Deus, que faz o bem em troca do mal, viu o quão abaixo do padrão se encontrava. Depois de conversarmos e mostrar-lhe o que a Bíblia diz, ele prontamente pediu para Jesus entrar em sua vida, perdoar seus pecados e ajudá-lo a viver para Ele.

Um shêhe, líder de uma mesquita próxima, encontramos doente. A família diz que foi “drogado” (alguém fez macumba contra ele) pelos outros muçulmanos que querem que ele morra para que possam ficar com a mesquita e está doente há 4 meses. Conversamos com ele sobre a vida após a morte, sobre o sacrifício perfeito de Jesus. Seus três filhos adultos aceitaram Jesus naquele mesmo dia e temos continuado a visitá-los para que cresçam na decisão que fizeram. O pai, mesmo ainda não tendo aceitado, ouviu com muita atenção e preocupação nossa conversa. Com a morte batendo à porta, ele começa a questionar com sinceridade tudo o que lhe foi ensinado. Por favor, ore por ele.

No caminho de volta para casa, um filho preocupado nos chama. É muçulmano, mas pede oração pelo pai que está muito doente há muito tempo e se encontra à beira da morte. Encontramos o senhor bem fraco numa esteira na frente de casa. Oramos por ele e no dia seguinte voltamos para visitá-lo com mais tempo. Ele também aceitou Jesus, depois de ouvir o testemunho da avó de Zita, que entregou sua vida a Jesus no ano passado e teve a vida totalmente transformada por Ele. Ore por ele também, seu nome é Afat!

E assim, olhamos ao redor, para os milhares que perecem sem conhecer a vida em abundância que encontramos em Jesus. Desesperados queremos evangelizar sem parar, mas sabemos que evangelismo sem discipulado para nada serve. Serão bebês que morrerão sem cuidado. Assim, nos dedicamos também aos líderes sendo formados para cuidarem de tão grande colheita para o Reino. Homens e mulheres que cuidarão desses muitos que aceitam a Jesus.

Moisés e Jofenal querem começar duas outras igrejas nos lares em Muzuane. Que Deus lhes dê graça para ver crescimento na vida desses novos convertidos, para que outros possam se achegar ao Rei e também serem cuidados.

Ore por nós! Ore por esse lugar!

A colheita é grande! Os trabalhadores são poucos! Que o Senhor da Colheita envie mais trabalhadores!
Voltamos para casa felizes de termos passado alguns dias com eles, mas com o desejo de mais! :)

... e a idéia permanece guardadinha em minha mente!