domingo, 27 de dezembro de 2009

Promessa de Deus

Senti essa palavra especificamente antes dos encontros de jovens em Inhaminga. Foi num momento em que uma onda de dúvidas e perguntas tentava nos afogar. Chorávamos por aqueles que estavam caindo, perguntando-nos se tudo estava perdido. Ele nunca falha em falar conosco nesses momentos!

"Assim diz o Senhor: Ouviu-se um clamor em Ramá, lamentação e choro amargo:
Raquel chora a seus filhos, e não se deixa consolar a respeito deles, porque já não existem.
Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz do choro, e das lágrimas os teus olhos;
porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, e eles voltarão da terra do inimigo.
E há esperança para o teu futuro, diz o Senhor; pois teus filhos voltarão para os seus termos."

Jeremias 31.15-17

Jovens Recrutas em Inhaminga!

Chamados do Reino das Trevas para a Luz!
Com cicatrizes e marcas que nos lembram de onde viemos e para onde nunca voltaremos!
Curados, Sarados e Libertos!
Caminhando na aceitação e autoridade concedidas pela Graça!
Com ousadia e alegria,
Prosseguimos rumo ao destino que nosso general traçou antes mesmo do nosso nascimento!

Preparar o caminho
Vamos!
Acertar o alvo
Vamos!
Trazer Jesus de volta
Vamos!
Juntos
Vamos!
Para Sua Glória
Vamos!
Para o Seu Louvor
Vamos!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Preparando Soldados em Inhaminga

Queridos amigos,

Quero escrever sobre o encontro de jovens que tivemos aqui em Inhaminga no último final de semana e algumas coisinhas a mais.

Deus tem despertado muito forte dentro de mim o chamado para ministrar aos jovens, focalizar mais neles, desenvolver novos projetos e planos para eles. Ele tem restaurado a visão do exército sem face dos últimos dias, os amigos do noivo que vão preparar (e já começaram a preparar) o caminho para a volta triunfante de Jesus. Não sei se é porque o treinamento de professores tem me liberado do trabalho na escola, ou se é por passar tempo com a Simona (q tb tem um fogo dentro dela por essa geração), se é pelo q senti em Israel, ou se o conjunto de todos esses fatores unido a algo que Deus está me chamando para fazer.
Só sei que o resultado é um peso, um clamor muito forte por essa geração. Não mais um grupo de jovens no Brasil, ou os jovens de Moçambique, mas um clamor por essa geração em todo mundo. Quase ouço com meus ouvidos naturais o tocar da trombeta convocando-nos e nem os desapontamentos e frustrações com a realidade que constantemente nos cerca e se apresenta a nós através das falhas humanas podem fazer-me acreditar que esse toque da trombeta não é real e que Deus não está agindo.

Desde novembro tenho viajado com a Simona e alguns jovens moçambicanos em encontros de jovens. Os três que aconteceram em Magiga, Macomia e Nampula, no norte, foram bons mas ainda num nível inicial, um pouco básico. Nossas expectativas estavam altas para esse último final de semana. Seria o primeiro encontro de jovens mais maduros, ou pelo menos discipulados, que conhecem a Palavra e têm recebido atenção intensa há mais de quatro anos. Nesses últimos dois anos, Leidy, Diogo e Jeosafá investiram muito na vida deles. Nesse último ano Jansen uniu-se a eles e à Simona que foi quem começou o trabalho intensivo. E foi desses anos de trabalho que surgiu em nós o sonho de um encontro diferente dos outros. Nem chamamos mais de conferência, pois encontro tem uma conotação diferente. Chamamos de Encontro dos soldados da linha de frente, Preparando soldados para as últimas batalhas, Marcas de um soldado de linha de frente, Levando Deus a Sério... vários nomes para tentar expressar todas as nossas expectativas para esses dias.

Da equipe, só Simona, eu e Patrícia estávamos mais envolvidas em carregar o encontro. Agostinho e outros evangelistas ajudaram, mas mesmo eles não tinham idéia do tamanho das nossas expectativas. Eles faziam parte do nosso alvo, ainda não carregavam nossa visão. O tempo de preparação foi muito difícil. Muitas idéias e poucas mãos para colocar em prática. Eu e Simona trabalhamos todos os dias daquela semana de muito cedo até a noite, às vezes mal parando para comer e lutando com eletrônicos (impressora desobidiente), o calor e especialmente o tempo para terminar tudo. A esperança de ter ajuda de um grupo que viria de Zimbabwe foi frustrada qdo negaram a saída de um deles na fronteira e a equipe cancelou a viagem. E lá fomos nós fazer tudo o que esperávamos que eles fariam. Como sentimos falta dos nossos companheiros!

Jansen, onde vc estava para nos ajudar com a corrida de obstáculos!


Leidy e Diogo, onde vcs estavam para ajudar os jovens coordenar o louvor e as danças?


Jeosafáaaaaaaaaaaaaaaaa, onde vc estava qdo fizemos caderninhos para cada um e passamos toooooodo dia lutando para imprimi-los? E os crachás?


Daena onde vc estava com sua criatividade para fazer as lembrancinhas e a decoração?


Dora, onde vc estava para pensar em tudo o que esquecemos e levar o peso da intercessão?


Eu sei onde vcs estavam! Onde deveriam estar! Mas ó, como sentimos falta de vcs! Eu e Simona nos desdobramos em 10!

Mas graças a Deus, com muitas mãozinhas aqui e ali tudo ficou pronto a tempo!

Mas a dificuldade na preparação não era só física. Durante as semanas anteriores, foi como se os sepulcros fossem abertos e toda podridão e sujeira escondidas foram reveladas! Pecados escondidos vieram a luz, jovens vinham conversar com a Simona quase todos os dias com um problema ou outro. Alguns deles bem sérios!
Ataques vinham à nossa mente... como podemos considerar esses soldados de linha de frente se aquelas coisas que considerávamos vencidas ainda parecem tão vivas quanto há um ano, ou quatro anos? Mas uma diferença sempre vinha à nossa memória... há alguns anos atrás, todas essas coisas aconteciam, mas poucos se importavam com elas. O pecado, a prostituição, a desobediência, o orgulho era considerado normal... ninguém vinha confessar, ou se arrepender dessas coisas. Quando confrontados, demoravam a reconhecer que haviam errado... Hoje são eles mesmos que não conseguem viver com essas coisas em suas vidas e vem correndo pedir ajuda, pq não querem ficar caídos.

Assim, quando os jovens começaram a chegar meu coração só clamava: "Senhor, preparamos tudo! Ordenamos a lenha, amontoamos as pedras... colocamos nossas vidas... agora o fogo é com vc!"
Cada um que recebia seu crachá era alguém conhecido, um rosto com uma história, um passado, um presente e ah, sim! um futuro!!! É tão diferente ter um encontro de pessoas conhecidas, pessoas que estão caminhando juntas há algum tempo e que têm aliança umas com as outras!

Ousamos bastante nesse encontro, com louvor diferente do que temos costume, com músicas diferentes, com palavras em outro nível e com os dias bem cheios das 5h as 21h.
E o resultado... valeu a pena! Sabemos que os frutos nem sempre são manifestos na hora, mas nosso coração terminou satisfeito. Um pouco tristes pois sabíamos que se fôssemos mais a organizar, teria sido melhor, poderíamos ter tido melhores resultados, mas dentro de nossas limitações, sabemos que foi o melhor!

Mesmo em áreas onde não consideramos nosso forte, como fazer a corrida de obstáculos que os jovens passavam todas as manhãs em três grupos, Deus nos deu uma graça sobrenatural mesmo e foi muito, muito bom. Muitos jovens nos falavam como cada obstáculo (que tinha algum significado sobre nossa vida espiritual) fazia-os pensar e o que Deus tinha falado com eles sobre esse ou aquele assunto por causa dessa ou daquela atividade.

Alguns que carregavam certa rebeldia ou orgulho, sozinho conseguiram reconhecer esses problemas em suas vidas e durante as reuniões pediam a Deus que os mudassem e declaravam seu desejo de serem diferentes.

O tempo de adoração foi bom, mas ainda muito limitado, pela dificuldade que nosso grupo de louvor ainda tem de conhecer e saber tocar/cantar músicas diferentes. Mesmo assim creio que foi a primeira vez que vi vários deles em um nível bem diferente dirigindo adoração. Um sonho nasceu em meu coração durante uma das reuniões. Compartilharei esse sonho no devido tempo, mas creio que Deus o realizará.


Os assuntos das Palavras foram variados, mas vou escrever um resumo:


Abertura - Susana - falei sobre a visão do exército que preparará a volta de Jesus, sobre nossa geração (uma das músicas que cantamos muito foi Geração de Samuel) e o chamado para santidade.

1o. dia

manhã - Susana - falei sobre o Sangue e a Cruz (o perdão e a morte para o velho eu), como no livro A vida normal cristã. Eles tiveram várias perguntas e senti que foi um bom tempo.
tarde - Patrícia, Lino e Vina - falaram sobre o propósito de Deus para o casamento, o melhor caminho, a família.
noite - Simona - falou sobre obediência por amor e determinação. Um jovem falou depois o quanto ele sentiu que obedecia a Deus por medo do inferno e não por amor e como Deus o mudou naquela noite.

2o. dia
manhã - Ellie - falou sobre o derramar do Espírito nesses últimos dias, sobre como fluir na unção coletiva, sobre ter unidade em oração e sobre os campos que já estão brancos para a colheita, mas o que devemos é orar por ceifeiros. O problema não é dos campos, duros ou não maduros. Jesus falou que eles estão prontos. O que falta são os trabalhadores. Quando foi a última vez que vc orou para que Deus envie trabalhadores. Foi o que Jesus nos mandou fazer! Foi bem forte e oramos por isso no final. Ellie veio do Zimbabwe só para estar conosco e falar nesse dia. Foi bem especial. A primeira vez que ela compartilha num encontro de jovens e ela estava bem tocada e animada em compartilhar para eles. Ela disse que nunca esperava ver o dia em que roupas de camuflagem seriam penduradas como enfeite, mas que essa geração tem o privilégio de ser uma geração de paz.
tarde - Simo e eu - falamos sobre a vida de solteiro, como podemos usar esse tempo e como vivê-la de forma pura.
noite - Simo - falou sobre missões, o chamado do mundo, os países fechados, a perseguição. Foi muito bom tb!

3o. dia
manhã - Patri - falou sobre a sabedoria de Deus x o que o mundo pensa.
e Mariano - falou sobre sermos feitos do pó, como isso parece ruim, mas como o pó é o único ambiente onde a semente é capaz de crescer.
tarde - Agostinho - falou sobre visão e propósito. Foi muito bom, vários jovens compartilharam o que sentiam que Deus os chamavam para fazer e oramos por isso.
noite - Mariano - falou sobre "quando vcs entrarem na terra, não façam como os povos que vivem ali fazem" - vivendo diferente da cultura dos nossos dias. Foi bem direto, até quase ser um pouco "escrachado" demais para nosso gosto, mas vimos que vários jovens que não entenderiam de outra maneira realmente compreenderam.

Na última manhã, eles correram pela última vez e fizeram tudo certo. Das outras vezes eles falhavam em vários lugares, mas mesmo assim foi bom para aprenderem várias lições.
Por fim, fizemos a premiação da equipe vencedora e encerramos orando por ele.
Era para terminarmos as 9h para que eles pudessem participar do culto nas igrejas, mas começamos a orar por cada um deles e foi muito bom... demoramos até umas 10h30, mas realmente valeu a pena.
Se não tivéssemos esse tempo o encontro não estaria completo. Foi o tempo de selar tudo o que aconteceu nos outros dias, pois no restante do tempo, vários foram tocados, suas mentes mudadas, mas não houve muita coisa mais emocional. Durante essa última manhã, enquanto orávamos e profetizávamos sobre cada um, Deus nos deu várias palavras e muitos que há muito tempo não eram tocados ou estavam passando por tempos difíceis foram realmente tocados por Deus. Creio que foi mesmo um selo sobre o que Deus fez nos dias anteriores. Completou e encerramos muito felizes.
Tb tivemos um tempo para vários testemunharem o que Deus fez na vida deles naqueles dias e ficamos bem encorajadas com a profundidade dos testemunhos, que revelou a profundidade também do que Deus fez.

Simo e eu mal tivemos tempo de engolir tudo o que tinha acontecido e saímos as 11h30 para levar Bene e Simo (filhos do pr. Armando) e Abedenego para Mocuba, onde pr. Armando e Lurdes nos encontraram para recebê-los para o restante do caminho. As crianças tinham vindo de férias com a Simo e Abedenego é um dos jovens de Inhaminga que foi morar com pastor Armando para estudar lá e precisava estar em Nampula na segunda para um teste de admissão. Demos carona para outros que estavam indo para o norte e tivemos boas conversas com eles e depois entre nós duas no caminho de volta. Chegamos em Inhaminga às 10h30, mais uma vez, exaustas e felizes!

Agora estamos nos preparando para o próximo encontro que começa na quinta, para os jovens das igrejas AWY no mato. Cassale, Vina, Santo e Mariano vão estar compartilhando, além de Simo, Patri e eu. O tema é A Vida Cristã Normal e esperamos lançar fundamentos fortes na vida deles.
Obrigada por orarem conosco.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Magiga – Encontro de Jovens 2009 – 13 a 16 de novembro

Magiga é uma pequena vila, na província de Zambezia, cerca de 20 km da vila de Pebane. A tribo que vive ali é chamada Munica. Não é uma tribo muito grande, e vive bem concentrada nessa área litorânea. É quase que completamente muçulmana e com tradições fortes.

Em 2004, passamos um mês em Pebane, evangelizando e encorajando os crentes de algumas poucas igrejas da vila. Lembro-me que foram quatro semanas muito difíceis, com muita opressão espiritual e choque para nós que estávamos acostumados a ministrar às tribos do centro de Moçambique, mais dóceis, respeitosas e “cristianizadas”.

Em 2007, voltei para o distrito de Pebane, dessa vez para Magiga, onde dois ex-alunos que trabalhavam como evangelistas na província de Zambezia haviam recém começado um trabalho. Eles decidiram montar sua base ali, depois de orarem durante uma semana, buscando de Deus direção de para onde ir. Nessa mesma semana, Jamilo também orava para que Deus enviassem cristãos para ajudá-lo em Magiga. Jamilo é um cristão, nascido em uma família muçulmana forte em Magiga, mas que conheceu a Jesus enquanto vivia em outro distrito chamado Moma. Quando ele voltara para Magiga, devido às perseguições e dificuldades caíra na fé e começara a usar curandeirismo para se proteger, mesmo sabendo que aquilo não era certo. Um dia, cansado da vida que vivia, orou para que Deus enviasse pessoas para ajudá-lo e na manhã seguinte os evangelistas chegaram a sua casa, procurando um lugar para começarem o trabalho. Quando estivemos ali em 2007 o grupo era bem pequeno e as perseguições eram grandes.

Agora, no nosso regresso, vimos um grupo já crescendo, um terreno mais trabalhado, e ainda muitas perseguições! Há apenas alguns meses um grupo de 30 homens muçulmanos, líderes da comunidade, passou toda manhã de domingo tentando causar confusão durante o culto. Não tiveram muito sucesso e mesmo suas intimidações para que os crentes parassem de envangelizar no mercado surtiram efeito contrário!

Nossa ida para Magiga, no dia 12 de novembro começou muito cedo e planejávamos chegar enquanto o sol ainda brilhava, para que pudéssemos armar nossas tendas e planejar com os líderes locais o encontro de jovens que começaria no dia seguinte. Simona saiu de Inhaminga com quatro jovens obreiros (Josias, Abdul, Santo e Paulo) e chegou a Magiga às 17h. Eu saí de Nacala com Agostinho e Valentim (os dois professores de Nacala), mas depois de 40km de Nampula tivemos problemas com o carro. Consegui voltar até a oficina, mas as lojas já estavam fechando para almoço, então tivemos que esperar até as 14h, para comprar uma peça. A peça foi trocada, mas o problema continuava. Fizeram tudo o que era possível, mas nada mudava. Já estávamos começando a nos conformar com o fato de que teríamos que ficar em Nampula aquela noite e sair só no dia seguinte, quando, alás, descobriram algo simples que poderia estar causando o problema. Em trinta minutos o carro estava pronto e decidimos partir naquela mesma hora, 17h. Parecia um pouco doido sair de Nampula tão tarde, sabendo que chegaríamos em Magiga somente no meio da noite, mas aceitamos o desafio. Toda comida para os dias de encontro, os programas e tudo mais estava comigo e nós não queríamos perder o início do encontro. Além disso, nós três sentíamos uma paz muito grande dentro de nós e sabíamos que Deus estava à nossa frente e que nosso plano (de chegar ainda aquele dia) não era uma aventura maluca e sim um desafio com Deus.

Assim, chegamos a Magiga 1h da madrugada. Exultantes e super cansados, estando fora de casa há 20 horas, oramos com o grupo que já havia chegado e acordou com o barulho do carro e fomos dormir.
Notei que meu carro nunca deu problema quando a viagem é de Nacala para Inhaminga, ou de Inhaminga para Nacala, sem pressa. Mas quase todas as vezes que temos encontros de jovens, algum carro dá problema, mesmo tendo feito todas as revisões e estarmos certos de que tudo está sob controle. Sei que o motivo para isso é que o inimigo não quer de maneira alguma que esses encontros de jovens aconteçam. Ele sabe que quando vamos, não vamos sob nosso próprio nome, mas levamos o nome do Deus Todo Poderoso. Ele sabe o efeito que esses dias têm para os jovens e faz de tudo para que eles não aconteçam. Mas graças ao nosso bom Deus, sempre chegamos bem e os encontros acontecem cheios de graça e unção. Nem mesmo a nossa paz o inimigo é capaz de roubar!

Cerca de quarenta jovens de 3 igrejas participaram dos três dias de encontro. O tema era “Levando Deus a Sério” e enfatizamos bastante a perseverança em meio às tribulações e perseguições, pois essa é uma realidade muito próxima a eles.

Em duas tardes, dividimo-nos em grupos. Cada grupo tinha alguém da equipe, um ex-aluno das escolas bíblicas que vive ali e dois outros jovens. Saímos por toda vila, visitando pessoas em suas casas e falando de Jesus para quem estivesse disposto a ouvir. Encontramos várias pessoas que ao ver-nos fechavam a cara, guardavam o que estavam fazendo e mandavam-nos embora, muitas vezes com insultos. Por conhecer quem são os cristãos locais e serem muçulmanos bem fortes, nem queriam nos ver. Mas cada grupo encontrou pessoas abertas.


Nosso grupo encontrou uma mulher que há dois meses não ia mais a mesquita, nem ela , nem o marido. Eles não têm filhos e muitas vezes ela se entristecia por não ter ninguém ajudando-a no serviço de casa. Quando chegamos, um dos jovens do grupo, imediatamente começou a pilar a mandioca seca que encontrou ao lado da casa, sabendo que aquele deveria ser o jantar da família, então, enquanto conversávamos, ele pilava. Depois de explicarmos o evangelho para ela, ela disse: “Eu não sabia porque tinha parado de ir a mesquita há dois meses, mas agora entendo que Deus estava me preparando, porque Ele quer que eu siga outro caminho. Eu sempre chorei por não ter filhos para me ajudar, mas hoje, sem explicações, vocês estão aqui fazendo companhia para mim, e esse jovem até me ajudou com meu jantar!” Saímos com a promessa de que Nazir, o jovem que vivia ali perto, voltaria para visitá-los quando o marido estivesse em casa para que ambos pudessem ouvir mais a Palavra.


Cada casa onde encontrávamos abertura, ficávamos impressionados com o bom testemunho dos alunos que voltaram da escola bíblica e como toda comunidad podia ver a mudança na vida deles. Evaristo, um dos alunos que passou por Nacala nesse último semestre, era um bêbado que batia em qualquer pessoa que visse na frente. Só de mencionar seu nome as pessoas logo começavam a se admirar, como alguém como ele poderia ter mudado tanto.


Uma das coisas que havíamos falado durante o evangelismo foi que não precisamos temer o mal, pois quando estamos com Deus Ele é maior. Mesmo que pisarmos cobras ou escorpiões, eles não nos farão mal algum. Ao sairmos dessa casa onde falamos isso, andávamos apressados pois estava escurecendo e e queríamos chegar onde projetaríamos o filme de Jesus aquela noite. Íamos em fila indiana, cerca de 10 pessoas. Eu ia a frente. De repente uma das mulheres no final da fila, a mãe de Evaristo, que havia nos encontrado no caminho e estava nos acompanhando para assitir o filme, gritou: “Uma cobra! Vocês passaram por cima dela e nem viram!” Aleluia! Porque a Palavra de Deus é sempre verdadeira!


Mais de 300 pessoas assitiram o filme. Eu esperava que fosse uma noite mais conturbada, mas todos assistiram em muito silêncio e atenção. Foi a primeira vez que o filme foi mostrado naquela vila. Durante a projeção eu entrei dentro do carro para orar um pouco e senti muita presença de Deus, intercedendo por aquela vila e declarando céus abertos sobre aquele lugar. Foi uma experiência bem forte.


Saímos de Magiga encorajados, sabendo que o bom Deus que começou a boa obra ali a completará.

Macomia - Encontro de Jovens - 20 a 22 de novembro

Chegamos a Macomia na tarde do dia 18, depois de uma viagem tranquila e fácil a partir de Nacala. Como o encontro de jovens só começaria no dia 20, tivemos tempo de organizar algumas coisas que faltavam, como construir latrina e buscar água para a comida ser feita.

Ano passado havíamos visitado Macomia, poucos meses depois que os Evangelistas haviam se instalado ali. Na época poucos haviam recebido Jesus e quase ninguém tinha um compromisso sério com Deus. Dessa vez a história já era outra. Há cerca de 15 a 20 adultos comprometidos e vários outros que mantém um contato não tão próximo. Os crentes ali construíram um lugar para a igreja se reunir e foi lá que o encontro aconteceu. Irmãos das outras duas igrejas da vila foram convidados e a participação teve uma média de 30 a 40 jovens. O tema foi Conhecendo a Deus.

Agostinho começou falando sobre quem é Deus, Josias continuou falando sobre o caminho para Deus, Jesus e Valentim concluiu essa parte do ensino falando sobre o Espírito Santo. Eu compartilhei sobre como conhecemos Deus através da Bíblia e como devemos ter nossas mentes renovadas, pois vemos o mundo por lentes e se forem de acordo com o pensamento mundano, vamos agir como o mundo também. Simona falou sobre ser separado para Deus e como Deus pode usar poucas pessoas para mudar uma nação. Madalena, noiva de Agostinho, que foi conosco para Macomia, falou sobre o amor expressado entre irmãos. Essas foram algumas das palavras e no final vários jovens levantaram para testemunhar o que aprenderam, sendo capazes de repetir quase tudo o que ouviram. Ficamos encorajados pois muitas vezes não sabemos o quanto eles captaram da mensagem, mas ali tivemos certeza de que receberam a Palavra.

Assim que chegamos a Macomia descobrimos que estava aberta a “Temporada de Ritos de Iniciação”. Como as crianças haviam acabado de sair de férias escolares, a comunidade aproveita para cumprir as tradições dos antepassados. Quanto mais ouvimos sobre esses ritos, mais indignados e tristes ficamos com a situação. Tudo começa com adultos e crianças correndo pelo bairro batendo enchadas e latas, anunciando que está próximo o tempo. No dia que marcaram meninos e meninas de idades variadas (alguns de 5, 6 anos, outros um pouco mais velhos) participam de cerimônias cheias de curandeirismo, bebedice e imoralidade.

No final de semana que passamos lá, bem ao lado do nosso acampamento era o lugar de encontro deles. As cerimônias começavam com danças bem demoníacas e sensuais, com todas as crianças presentes, enquanto outros se embebedavam do outro lado. Depois rapavam a cabeça das crianças e dos pais. Passaram toda noite ali, naquela atmosfera super horrível. Dali, eles nos disseram, as crianças vão para “o mato”, onde vão ficar dois meses “aprendendo como ser adultos”. Um senhor ali perto nos disse que há muito curandeirismo, e cada um tenta fazer o que pode para se defender. Se uma criança morre no mato, a família não é avisada até o fim dos dois meses.

O que temos notado é que as crianças que voltam dali tornam-se indisciplinadas aos pais, rebeldes, com muita raiva e falta de respeito. A maioria dos meninos tem pouco ou nenhum respeito por mulheres, e mesmo numa idade muito pequena como 11, 12 anos falam coisas indescentes para nós quando passamos. Tudo isso é fruto do que acontece nesses dois meses que passam fora. Devido à influência muito forte muçulmana os meninos são circuncidados durante esse tempo também.

Nunca vimos um lugar onde essa tradição é tão forte como em Macomia. Uma mãe veio falar com Simona quase chorando pois seu filho mais velho, ainda novinho, estava sendo levado e ela tinha muito medo por ele. Mas não tinha forças para se opor aos líderes da comunidade, além de ter medo pois dizem que se alguém não passa por esses rituais é desprezado pelos homens e mulheres para o resto da vida.

Oramos contra essa tradição e cremos que Deus quer levantar aqueles que serão pioneiros para se oporem a essas influências demoníacas na vida das crianças. Ó, como queremos ver mentes renovadas, pessoas que pensam como Deus pensa e que, através das mudanças em suas vidas, começam a mudar toda cultura.

Na nossa última noite lá, fomos mostrar o filme de Jesus numa área um pouco distante do centro da vila. O nome do lugar é Matchova e todos ali são muçulmanos, da tribo Makua. Logo que chegamos uns 5 ou 6 homens gritavam dizendo que não queriam ver nada de Jesus, queriam filme de Mohamed (Maomé). Apesar disso reunimos as crianças ensinando algumas músicas enquanto outros montavam a tela, projetor e outros equipamentos. O gerador foi guardado com muita atenção já que foi na mesma região que ele foi roubado no ano passado (e depois resgatado, graças a Deus)! Outros homens do local mandaram os que faziam confusão (e estavam um pouco bêbados) ficarem quietos ou irem para casa pois eles queriam assistir o filme. Nunca vi um lugar tão silencioso e atento ao filme. Mais de 300 pessoas assistiram em total concentração toda história. Pelos comentários, via-se que eles não tinham idéia do que iria acontecer. Eles nunca haviam ouvido falar de Jesus.

Quando o filme acabou, Abdul (que é Makua e era muçulmano também) fez um apelo em Makua e todos em completo silêncio e atenção escutaram todo apelo. Parecia que ninguém queria sair dali. Notava-se como as cenas da crucificação e da ressurreição os impressionara. Até alguns dos que causaram a confusão no início estavam admirados e tristes quando Jesus era batido.Por fim várias pessoas vieram para frente. Um grupo de jovens confessou para Agostinho que eram ladrões e bêbados e queriam ser livres daquele peso de pecado. Conversamos com várias pessoas, tirando dúvidas e esclarecendo a mensagem do evangelho. Nosso coração ficou muito tocado com a abertura desse lugar para o evangelho.

No domingo, depois do culto, viemos de volta para Nacala, certos de que sementes foram lançadas e que há muito ainda para ser feito.

Nampula – Encontro de Jovens 2009 – 26 a 28 de novembro

Em Nampula, o grupo de jovens era bem diferente de Magiga e Macomia. A maioria fazia parte de três igrejas, uma era Nampula Wa Yesu, que o pastor Armando dirige, e as outras são de ministérios que conhecemos bem e temos relacionamento com eles há vários anos. Notava-se a diferença no nível intelectual, mas também no nível espiritual pois a maioria tem tido um discipulado maior do que as regiões rurais.

Cerca de 70 jovens participaram e o tema foi “O Caráter Cristão”. Falamos sobre o exército de Deus para os últimos dias e como Deus quer levantar uma geração santa para preparar o caminho para sua volta. Esse foi o desafio lançado. Depois falamos sobre áreas de caráter que precisam ser tratados por Deus, como humildade, amor, liberdade de vícios, honestidade, integridade, pureza sexual. Cada palavra construiu sobre as demais e nas tardes dividíamos em grupos pequenos para conversarmos mais sobre assuntos específicos. Pastor Armando e mãe Lurdes também pregaram e foi muito bom. Eles são exemplos, modelos, não só para os membros da igreja deles, mas para jovens de várias igrejas que os conhecem. Ela falou sobre o propósito de Deus para o casamento e ele sobre ter um caráter inabalável.

Creio que foi o lugar onde conseguimos avançar mais na Palavra, especialmente sem precisarmos de intérpretes pois todos entendiam e falavam bem Português. Conhecemos pessoas especiais e revimos ex-alunos.

Durante todo tempo de encontros de jovens, muitas perguntas se levantavam dentro de nós, ao mesmo tempo que idéias de novos planos surgiam no nosso interior. É um tempo especial de semear na vida dos jovens e sentir deles quais são as necessidades ainda reais e onde podemos trabalhar mais.

Foi especial ter Santo e Paulo conosco. Eles foram crianças afetadas pela Palavra em Inhaminga, cresceram no grupo de jovens da Simona, passaram pela escola bíblica em Inhaminga e pelo centro vocacional em Nacala. Agora trabalham na construção em Inhaminga, mas têm no coração ardente desejo de crescer em Deus e em sua obra. Santo tem um dom bem forte no ensino e todas as vezes que era dado oportunidade de compartilhar a Palavra era muito bom. Em Nampula ele falou sobre humildade e obediência com muita unção. Vi que até ele se surpreendeu com a maneira como ele falou. Foi bem forte e vários jovens foram para frente depois da palavra. É lindo ver o que foi plantado, germinar, crescer e começar a dar fruto!

Josias e Abdul, Agostinho e Valentim estavam sempre prontos para ajudar e juntos formamos uma equipe bem forte e com bom ambiente entre nós. Esse mês foi muito especial!