Chegamos a Macomia na tarde do dia 18, depois de uma viagem tranquila e fácil a partir de Nacala. Como o encontro de jovens só começaria no dia 20, tivemos tempo de organizar algumas coisas que faltavam, como construir latrina e buscar água para a comida ser feita.
Ano passado havíamos visitado Macomia, poucos meses depois que os Evangelistas haviam se instalado ali. Na época poucos haviam recebido Jesus e quase ninguém tinha um compromisso sério com Deus. Dessa vez a história já era outra. Há cerca de 15 a 20 adultos comprometidos e vários outros que mantém um contato não tão próximo. Os crentes ali construíram um lugar para a igreja se reunir e foi lá que o encontro aconteceu. Irmãos das outras duas igrejas da vila foram convidados e a participação teve uma média de 30 a 40 jovens. O tema foi Conhecendo a Deus.
Agostinho começou falando sobre quem é Deus, Josias continuou falando sobre o caminho para Deus, Jesus e Valentim concluiu essa parte do ensino falando sobre o Espírito Santo. Eu compartilhei sobre como conhecemos Deus através da Bíblia e como devemos ter nossas mentes renovadas, pois vemos o mundo por lentes e se forem de acordo com o pensamento mundano, vamos agir como o mundo também. Simona falou sobre ser separado para Deus e como Deus pode usar poucas pessoas para mudar uma nação. Madalena, noiva de Agostinho, que foi conosco para Macomia, falou sobre o amor expressado entre irmãos. Essas foram algumas das palavras e no final vários jovens levantaram para testemunhar o que aprenderam, sendo capazes de repetir quase tudo o que ouviram. Ficamos encorajados pois muitas vezes não sabemos o quanto eles captaram da mensagem, mas ali tivemos certeza de que receberam a Palavra.
Assim que chegamos a Macomia descobrimos que estava aberta a “Temporada de Ritos de Iniciação”. Como as crianças haviam acabado de sair de férias escolares, a comunidade aproveita para cumprir as tradições dos antepassados. Quanto mais ouvimos sobre esses ritos, mais indignados e tristes ficamos com a situação. Tudo começa com adultos e crianças correndo pelo bairro batendo enchadas e latas, anunciando que está próximo o tempo. No dia que marcaram meninos e meninas de idades variadas (alguns de 5, 6 anos, outros um pouco mais velhos) participam de cerimônias cheias de curandeirismo, bebedice e imoralidade.
No final de semana que passamos lá, bem ao lado do nosso acampamento era o lugar de encontro deles. As cerimônias começavam com danças bem demoníacas e sensuais, com todas as crianças presentes, enquanto outros se embebedavam do outro lado. Depois rapavam a cabeça das crianças e dos pais. Passaram toda noite ali, naquela atmosfera super horrível. Dali, eles nos disseram, as crianças vão para “o mato”, onde vão ficar dois meses “aprendendo como ser adultos”. Um senhor ali perto nos disse que há muito curandeirismo, e cada um tenta fazer o que pode para se defender. Se uma criança morre no mato, a família não é avisada até o fim dos dois meses.
O que temos notado é que as crianças que voltam dali tornam-se indisciplinadas aos pais, rebeldes, com muita raiva e falta de respeito. A maioria dos meninos tem pouco ou nenhum respeito por mulheres, e mesmo numa idade muito pequena como 11, 12 anos falam coisas indescentes para nós quando passamos. Tudo isso é fruto do que acontece nesses dois meses que passam fora. Devido à influência muito forte muçulmana os meninos são circuncidados durante esse tempo também.
Nunca vimos um lugar onde essa tradição é tão forte como em Macomia. Uma mãe veio falar com Simona quase chorando pois seu filho mais velho, ainda novinho, estava sendo levado e ela tinha muito medo por ele. Mas não tinha forças para se opor aos líderes da comunidade, além de ter medo pois dizem que se alguém não passa por esses rituais é desprezado pelos homens e mulheres para o resto da vida.
Oramos contra essa tradição e cremos que Deus quer levantar aqueles que serão pioneiros para se oporem a essas influências demoníacas na vida das crianças. Ó, como queremos ver mentes renovadas, pessoas que pensam como Deus pensa e que, através das mudanças em suas vidas, começam a mudar toda cultura.
Na nossa última noite lá, fomos mostrar o filme de Jesus numa área um pouco distante do centro da vila. O nome do lugar é Matchova e todos ali são muçulmanos, da tribo Makua. Logo que chegamos uns 5 ou 6 homens gritavam dizendo que não queriam ver nada de Jesus, queriam filme de Mohamed (Maomé). Apesar disso reunimos as crianças ensinando algumas músicas enquanto outros montavam a tela, projetor e outros equipamentos. O gerador foi guardado com muita atenção já que foi na mesma região que ele foi roubado no ano passado (e depois resgatado, graças a Deus)! Outros homens do local mandaram os que faziam confusão (e estavam um pouco bêbados) ficarem quietos ou irem para casa pois eles queriam assistir o filme. Nunca vi um lugar tão silencioso e atento ao filme. Mais de 300 pessoas assistiram em total concentração toda história. Pelos comentários, via-se que eles não tinham idéia do que iria acontecer. Eles nunca haviam ouvido falar de Jesus.
Quando o filme acabou, Abdul (que é Makua e era muçulmano também) fez um apelo em Makua e todos em completo silêncio e atenção escutaram todo apelo. Parecia que ninguém queria sair dali. Notava-se como as cenas da crucificação e da ressurreição os impressionara. Até alguns dos que causaram a confusão no início estavam admirados e tristes quando Jesus era batido.Por fim várias pessoas vieram para frente. Um grupo de jovens confessou para Agostinho que eram ladrões e bêbados e queriam ser livres daquele peso de pecado. Conversamos com várias pessoas, tirando dúvidas e esclarecendo a mensagem do evangelho. Nosso coração ficou muito tocado com a abertura desse lugar para o evangelho.
No domingo, depois do culto, viemos de volta para Nacala, certos de que sementes foram lançadas e que há muito ainda para ser feito.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
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