sexta-feira, 22 de junho de 2007

Lalaua



Depois de bastante tempo só em comunidades islâmicas, enfim fomos visitar uma vila mais longe do litoral, onde a influência muçulmana é muito menor e a religião predominante é o animismo: o culto aos ancestrais através do curandeirismo.

Em Lalaua fomos visitar um pastor que tem trabalhado lado a lado com alguns embaixadores há algum tempo, pastor Lourenço. A hospitalidade foi tamanha que até nos deixavam constrangidos. Água para o banho todos os dias (em outros lugares era um banho a cada três dias e assim mesmo na água salgada) e muita ajuda em tudo o que fazíamos. Foi um tempo totalmente diferente, pois, apesar de visitarmos várias casas em evangelismo, estávamos ali para cooperar com uma igreja já bem estabelecida.


Aproveitamos nosso tempo ali para investir na vida dos cristãos, ensinando sobre os alicerces de Hebreus 6. O ensino sobre Arrependimento e Fé foram muito simples, mas penetrantes. Durante o tempo de ministração houve manifestações boas e ruins. Foi claro o contraste entre uma mulher que caiu manifestando e enfim foi liberta de um espírito mau e um dos homens que foi à frente porque queria receber o batismo no Espírito Santo e caiu pelo Espírito sem ninguém o tocar. Impressionante ver a paz de Deus sobre a vida dele e ver como uma mesma ação (cair) pode ser usada por Deus ou pelos demônios, mas como é nítida a diferença entre um e outro.

Em cada casa onde chegávamos, novamente uma pequena multidão se aglomerava para ouvir. No final muitos queriam entregar suas vidas para Jesus e em algumas casas tomavam a séria decisão de queimar as cordas que prendiam seus pescoços, pulsos, tornozelos ou cabeças (fetiches comprados nos curandeiros com o objetivo de conseguir mais força física, cura de alguma doença ou proteção contra os espíritos).

Foi também um tempo de encorajamento aos crentes da igreja local, para que eles mesmos possam sair para evangelizar e ensinar seus visinhos e amigos.

No último dia nos reunimos com a liderança da igreja para conversarmos e encorajá-los e no final eles nos mostraram uma carta que haviam escrito antes, onde colocavam alguns dos pedidos de oração que vinham fazendo. Admirados, vimos que todas as necessidades escritas foram atendidas, mesmo sem termos conhecimento da lista até esse último dia.
* Ajuda no Evangelismo
* Mostrar o filme de Jesus em Lalaua Velha e Lalaua Sede
* Seminário de ensino aos crentes
* Cobertura da Igreja que vão construir – esse último pedido foi apresentado como pedido de oração e rapidamente atendido por Deus através do Nickie, líder da equipe visitante do CFNI, que também é responsável por um projeto do CFNI que coloca telhados em igrejas construídas pelos nacionais em todo o mundo.

O pastor Lourenço não conseguia se conter de alegria. Levantou, bateu palmas, deu uma dançadinha e sentou de novo, mal se contendo. Antes de sairmos foi combinado o tamanho da igreja e aproximadamente quantos tijolos terão que fazer (trabalho do povo local) e como o telhado será colocado (com o dinheiro oferecido pelo Nickie e material comprado e transportado pela Afrika Wa Yesu).

Muitos acontecimentos engraçados também aconteceram nessa viagem. A casa do pastor é cheia de animais. Patos, galinhas, um cão muito feio, um gato... um verdadeiro zoológico. Uma galinha chocava seus 12 ovos na escuridão e conforto do banheiro (latrina externa) e conforme os dias foram passando foi se irritando conosco. Imagine a pressão: toda vez que precisávamos usar a latrina a galinha fazia barulhos, abrindo as asas e ameaçando picar nosso traseiro. Desnecessário dizer que não usamos o banheiro mais do que o extremamente necessário naqueles três dias. Para piorar, o marido, um galo bem emproado, decidia que era hora de cacarejar todos os dias exatamente às 2h18 e dali em diante a cada 5 minutos. Para mim, nenhum incômodo, pois com meu sono pesado só o ouvia depois das 5h, mas para vários outros, isso significou três noites sem dormir.

Por fim, a equipe, feliz e cansada partiu para Nampula.
Passamos uma noite na SIL, uma missão que oferece acomodações para missionários em trânsito, onde puderam tirar o excesso de terra vermelha do corpo e das roupas antes de partir de volta para os EUA. Mariano, professor moçambicano em Inhaminga e coordenador nacional dos Embaixadores, partiu com a equipe, pois vai estudar um ano no CFNI. Vamos sentir tanta saudade desse nosso amigo, mas sabemos que ele vai aprender muitas coisas e crescer muito e, por fim, voltar ainda melhor equipado para servir a Deus em Moçambique.

Nenhum comentário: