A aventura começara no dia 09 de Novembro, enquanto nossa equipe de 8 pessoas saía de Inhaminga às 5h da manhã, rumo a Marromeu, à margem do Rio Zambezi. Nosso destino final: Chinde, uma vilazinha isolada, situada numa ilha pelo Rio Zambezi (bifurcado) e pelo Oceano Índico.
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“Esse não é conGElADOR, esse é o juRADOR, ele jura que vou chegar ao trator sem cair, nesse caminho escuro e cheio de covas!”
Estávamos no meio de uma fila com mais de 50 pessoas, entre membros da igreja de Chinde Sede, nossa equipe e membros da igreja da zona de Nhamatica (80 km de Chinde), todos carregando algo grande ou pequeno, pesado ou leve, nos trinta minutos a pé que separavam a igreja onde acabáramos de mostrar o filme de Jesus e o trator que nos levara até onde a estrada permitia passagem.
A cena parecia irreal, tirada de um filme fictício. Os passos eram cada vez mais rápidos já que a carga parecia pesar mais a cada minuto. Enfim chegamos ao trator, carregamos as coisas, subimos no atrelado e silêncio... nada do trator pegar. Claro que a bateria tinha que ter problema! Nada pode ser tão simples! Descemos todos, e começamos a empurrar. Era muito pesado e na escuridão gritávamos tentando coordenar todos para empurrarmos juntos. Para frente ou para trás? O trator estava numa posição terrível, entre machamba (plantação = terra fofa = atolar) e a estrada com mais machamba do outro lado. Descobri que o volante de trator não vira com ele desligado, portanto, nada de pegar no tranco virando para entrar na estrada.
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Pum, atolados!
Então tem que ser para trás!
Motorista, desliga os faróis, se não piora a bateria!
Pum, atolados atrás também!
E agora?
Já falamos para tirar o atrelado e parar de empurrar esse peso todo!
Não, agora vamos só nós homens. Mulheres, sentem que vamos fazer o serviço direito!
Ok, não tem problema, vamos assistir as estrelas cadentes e fazer desejos para que esse trator pegue!
Pum, atolados na frente de novo!
Não falamos, agora puxem para trás sozinhos!
Pronto, agora obedeçam-nos e tirem o atrelado!
Ok.
Antes de empurrarmos, vamos orar! – os jovens disseram.
Senhor, veja nosso sofrimento, tenha misericórdia de nós. Estamos cansados, faça esse trator pegar! – orou Eduardo desesperado quase chorando.
Agora vamos empurrar!
Brum, brum!
ALELUIAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!
Deus foi bom demais conosco!
Era meia noite, e lá fomos nós! Meu coração batia forte enquanto passávamos pela trilha estreita com o atrelado cheio de homens, mulheres e bebês. Eu vira a estrada na vinda e meu coração já saltara de medo, vendo os sulcos fundos de machambas tão próximos à roda do trator. Só conseguia imaginar uma escorregadela e o atrelado virando com tantos bebês e pessoas. Mas isso era minha carne medrosa. Agora no escuro, eu sentara no meio, para não ver nada. Olhei para cima e não pude deixar de me censurar pela falta de fé num Deus tão poderoso para manter tantas estrelas em seus devidos lugares e comecei a cantar. Simona, que também estava preocupada do meu lado, me acompanhava e logo fechamos os olhos e eu tirei um cochilo. Quando acordei já estávamos perto do rio, onde passaríamos a noite, esperando o barco na madrugada seguinte.
É, Deus continua fiel e meus anjos musculosos!
Eram 2h da madrugada e estendemos nossos sacos de dormir no atrelado. O restante da igreja se abrigou numa casa próxima e todos tentaram dormir enquanto milhares de mosquitos esfomeados nos rondavam mesmo depois de muito repelente. Enquanto deitava, pensava em como valera a pena tanto sacrifício da última semana.
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Ao chegarmos a Marromeu, preocupados se o equipamento para o filme de Jesus poderia ser protegido da chuva no barco, encontramos a pequena balsa que nos levaria para Marromeu coberta e com um porão seco e seguro.
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Nos dias que se seguiram conhecemos melhor a família querida do pastor, e vários membros da igreja que vinham passar o dia conosco, buscar água, fazer comida e nos servir de qualquer maneira que pudessem.
Era a primeira vez que a igreja recebia uma visita e eles estavam tão felizes. Andavam pela vila cantando!
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Tivemos um dia de ensino com as mulheres da igreja e os homens cozinharam, algo muito diferente para a cultura moçambicana.
No domingo choveu quase o dia todo. Ainda assim, pela manhã, depois de orar e a chuva parar por 30 minutos, duas equipes saíram para pregar em igrejas diferentes. A chuva parou tempo suficiente para irem e voltarem sem se molhar muito. A noite queríamos mostrar o filme em Nhamatica, mas Deus, sabendo o que nos esperava naquela zona, deixou chover a tarde e noite toda. Tivemos um tempo de louvor espontâneo na casa do pastor e foi muito precioso.
No domingo choveu quase o dia todo. Ainda assim, pela manhã, depois de orar e a chuva parar por 30 minutos, duas equipes saíram para pregar em igrejas diferentes. A chuva parou tempo suficiente para irem e voltarem sem se molhar muito. A noite queríamos mostrar o filme em Nhamatica, mas Deus, sabendo o que nos esperava naquela zona, deixou chover a tarde e noite toda. Tivemos um tempo de louvor espontâneo na casa do pastor e foi muito precioso.
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De segunda a quarta tivemos a conferência de jovens. Cerca de 120 jovens compareceram, de 10 a 60 anos de idade. Todos muito sedentos e atentos à palavra. Foi precioso ensinar a eles que ser cristão é mais do que ir à igreja e cantar por horas a fio a mesma canção. Do pastor ao mais novo, ninguém sabia o que era buscar a Deus, sentir a presença de Deus, ou adorar de coração. Tivemos um tempo precioso de adoração juntos no último dia.
Na quarta-feira, logo depois de sair da conferência às 14h e de rodar toda vila tentando organizar o trator do Ministério de Agricultura que nos levaria para Nhamatica, saímos. Eles haviam nos dito que o trator “estava em condições”, mas a bomba do motor não funcionava, então o combustível ia direto de um bidão para o motor; a roda dianteira tinha um caroço do tamanho de uma bola de futebol oficial, esperando para se arrebentar; e a bateria estava morta, como mais tarde tivemos a infelicidade de descobrir.
Mas as 4h do caminho de ida foi tranqüilo com muita música e sacolejos.
Na quarta-feira, logo depois de sair da conferência às 14h e de rodar toda vila tentando organizar o trator do Ministério de Agricultura que nos levaria para Nhamatica, saímos. Eles haviam nos dito que o trator “estava em condições”, mas a bomba do motor não funcionava, então o combustível ia direto de um bidão para o motor; a roda dianteira tinha um caroço do tamanho de uma bola de futebol oficial, esperando para se arrebentar; e a bateria estava morta, como mais tarde tivemos a infelicidade de descobrir.
Mas as 4h do caminho de ida foi tranqüilo com muita música e sacolejos.
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As pessoas nos esperavam em Nhamatica com grande expectativa. Mostramos o filme ali pela primeira vez e queriam que ficássemos a noite toda com eles. Não podíamos e graças a Deus não cedemos aos apelos deles. Se tivéssemos saído na manhã seguinte, nunca chegaríamos a tempo de pegar o barco que nos levaria de volta a Marromeu.
Apesar da nossa indecisão muitas vezes, Deus nos guardou em todo tempo, e ali, às 3h da madrugada, deitada no atrelado do trator, com a legião de mosquitos testemunhas, eu descansava segura de que cumpríramos nossa missão ali.
Apesar da nossa indecisão muitas vezes, Deus nos guardou em todo tempo, e ali, às 3h da madrugada, deitada no atrelado do trator, com a legião de mosquitos testemunhas, eu descansava segura de que cumpríramos nossa missão ali.
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Às 5h todos já estávamos de pé, às 6h o barco chegou, às 16h chegamos à Marromeu (depois de uma linda viagem vendo crocodilos, pássaros exóticos e dormindo sentados ou deitados no fundo do pequeno barquinho a motor que nos levava rio acima). Exaustos e imundos, fizemos pequenas compras no mercado de Marromeu antes de seguirmos viagem a Inhaminga. As três horas passaram rápido para os 7 passageiros que dormiram como pedra amontoados no carro, mas lentamente para a pobre motorista que tentava ficar acordada na mesma estrada em que quase tivemos o acidente na ida.
Inhaminga, doce Inhaminga, nos recebeu de braços abertos, com camas macias (não mais cadeiras duras para meus ossinhos doloridos) e chuveiros gostosos (não mais a crosta de protetor solar/poeira/repelente/poeira/protetor/poeira).
Enfim, valeu a pena!
Inhaminga, doce Inhaminga, nos recebeu de braços abertos, com camas macias (não mais cadeiras duras para meus ossinhos doloridos) e chuveiros gostosos (não mais a crosta de protetor solar/poeira/repelente/poeira/protetor/poeira).
Enfim, valeu a pena!